Em sete anos e meio de guerra, Portugal já enviou 1504 militares para o Afeganistão, onde operaram pela primeira vez sem restrições de uso da força. A sorte ou "Nossa Senhora de Fátima" evitaram maior número de baixas portuguesas.
Portugal tem actualmente 143 militares no Afeganistão, o que eleva para 1504 o total de soldados portugueses destacados naquele importante teatro de guerra desde 2002.
Os militares dos três ramos das Forças Armadas vão reduzir-se a cerca de cem em meados de Outubro, com o regresso a Lisboa do destacamento aéreo do C-130 que se destinou a apoiar o processo eleitoral afegão.
Porém, o efectivo português subirá para as duas centenas e meia no início do próximo ano, quando chegar ao terreno uma companhia de forças especiais (comandos).
A missão militar portuguesa no Afeganistão começou formalmente a 1 de Março de 2002, num contexto de uma luta - com outros países aliados, nos tabuleiros político, diplomático e militar - que ameaçava extinguir o comando da NATO em Oeiras (durante a reforma da Aliança que viria a ser aprovada em Praga).
Essa presença inicial foi quase simbólica, limitada a um destacamento sanitário de oito militares colocado em Cabul e que, em Abril, foi substituído por um destacamento aéreo de 15 militares (número que se manteve até Julho).
Garantida a continuidade do agora chamado Comando Conjunto de Lisboa, mas com a imagem dentro da Aliança Atlântica ainda muito abalada pela forma inopinada como saiu do Kosovo em 2000, Portugal regressou em Maio de 2004 ao Afeganistão - primeiro com uma dezena de controladores aéreos e bombeiros da Força Aérea, depois com um avião Hércules C-130 e pelo período de um ano.
A partir de Agosto de 2005 e até meados do ano passado, as Forças Armadas passaram a ter uma presença significativa no Afeganistão: assumiram a gestão do aeroporto internacional de Cabul, durante quatro meses, e actuaram - com forças especiais e controladores aéreos tácticos - como força de reserva do comandante das tropas da NATO (ISAF, da sigla em inglês) ali estacionadas.
Mas os problemas de material começaram a tornar-se visíveis logo a partir de Agosto: os militares tiveram de usar, durante meses, viaturas ligeiras de transporte espanholas (porque o ministro da Defesa recusou adquirir Hummers e Panhard M11 por ajuste directo) e, tanto a nível de armamento - a G3 ainda não foi substituída - como de equipamento (empasteladores contra explosivos improvisados, coletes, equipamentos de visão nocturna, camuflados, rádios), permanecem lacunas por resolver.
Mas isso foi compensado com um elevado desempenho operacional, sistematicamente reconhecido pelos comandantes das forças internacionais que se encontram no terreno. Aliás, essas companhias de comandos e pára-quedistas tornaram-se as primeiras forças de combate a operar no exterior sem restrições de uso da força após o fim da Guerra Colonial.
Essa situação colocou os militares em situações em que, mais de uma vez, a sorte - "Nossa Senhora de Fátima, ninguém tenha dúvidas", garante um oficial - evitasse a ocorrência de mortes em número significativo entre os portugueses (ver caixa).
Desde Agosto de 2008 que Portugal está em Cabul com equipas de formadores, um módulo de segurança e, nas últimas semanas, um destacamento hospitalar e um C-130, cuja missão acaba em Outubro.(D.N)
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