10 de setembro de 2009

Sugestão de Leitura : Vitória e Pirinéus – 1813. "O Exército Português na Libertação de Espanha”


A passagem traumática para o Portugal contemporâneo

“A guerra peninsular, de que estamos a celebrar o bicentenário, insere-se no contexto das guerras napoleónicas, correspondendo a um momento de transição traumática para a modernidade, quando começa o Portugal contemporâneo”, sublinhou à Lusa o historiador.

“O furacão napoleónico que passou por toda a Europa, obrigou o Rei[D. João VI] a fugir de Portugal deixando a população entregue a si própria. Foi um processo complicado com novas elites e novos movimentos sociais, como o liberalismo”, referiu.

Segundo o historiador, o Exército português “foi a tarimba do liberalismo, estando presente em todos os pronunciamentos, desde Agosto de 1820, que efectuaram transições de regime”. Por outro lado, “a máquina de guerra portuguesa, apesar de pequena se comparada com a francesa e a inglesa, foi essencial para o desenlace da guerra. Éramos 100.000 homens armados, era uma Nação em armas, 50.000 no Exército regular e outros tantos nas milícias populares”.

“Aliás – referiu - os actuais estandartes municipais esquartelados têm origens nos estandartes dessas milícias”.“Os militares ingleses desistiram dos militares espanhóis que eram indisciplinados, e tinham já perdido duas importantes batalhas contra os franceses em 1809, sozinhos nunca os venceriam. Os ingleses perceberam que os portugueses queriam lutar até ao fim e daí os elogios sinceros que se registaram nos relatórios”, sublinhou.

Por outro lado, referiu Castro Henriques, a entrada das hostes francesas na Península Ibérica “transformou o que era uma guerra de soberanos e príncipes, numa guerra de Nações”.“Até à guerra peninsular – explicou – as guerras napoleónicas eram entre soberanos e príncipes, verdadeiramente eram operações militares, que praticamente não faziam baixas entre a população civil. O modo como se procedeu à invasão de Espanha e Portugal transformou o carácter da guerra e aí surgiu a guerra entre povos, entre Nações, que é já uma noção do romantismo”.

Mendo de Castro Henriques que tem estudado este período afirmou que “há poucas fontes portuguesas, tanto mais se compararmos com as inglesas e francesas, o que também é fruto da ileteracia da época”.“A maioria das fontes é inglesa ou francesa e encontram-se nesses países, cujos militares e civis levaram consigo os seus papéis, registos e memórias”, disse.

“Vitória e Pirinéus – 1813. O Exército Português na Libertação de Espanha” é editado pela Tribuna da História, uma obra de 140 páginas, profusamente ilustrada com gravuras de época, mapas e esquemas de estratégia militar, como a campanha do “Quadrilátero dos Pirinéus” que durou de 22 de Julho a 02 de Agosto de 1813.

As batalhas de Vitória e Pirinéus levaram à fuga do Rei José, irmão de Napoleão Bonaparte que o colocara no trono de Espanha após Fernando VII ter sido obrigado a abdicar. Fernando VII, irmão da Rainha Carlota Joaquina, regressou ao trono em 1814 após a Convenção de Valência.
(Jornal Hardmusica)

Vitória e Pirenéus, 1813
O Exército Português na Libertação de Espanha
de Mendo Castro Henriques
Edição: 2009
Páginas: 144
Editor: Tribuna da História
ISBN: 9789898219077
Preço : 24,75€ (Wook)

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