O Chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA), general Luís Araújo, elogiou o trabalho da Base Aérea N.o 5 de Monte Real, Leiria, na modernização das aeronaves F16, mas deixou um alerta para a salvaguarda dos recursos materiais e financeiros que possam assegurar a continuidade desta 'missão'.
"Apesar de um caminho já percorrido, há aspectos essenciais que importa salvaguardar, quer em relação aos recursos materiais, quer no que respeita à preparação das pessoas, sem as quais não será possível garantir o efectivo e eficaz cumprimento da missão", disse CEMFA, na sexta-feira, na cerimónia do Dia da Base Aérea 5 e Rendição de Comando da Unidade.
Segundo o general, não é possível "diminuir o esforço e o empenho que tem sido posto na persecução dos programas impostos", nomeadamente na regeneração dos motores e na modernização das aeronaves F16, pois a actualização do avião é um requisito permanente e contínuo".
Por outro lado, entende como "indispensável garantir os recursos necessários ao treino das tripulações e pessoal de manutenção, incluindo a participação em exercícios com forças aliadas de forma a prosseguir a actualização e as qualificações exigidas para a operação nos teatros que o poder político ditar".
A BA5 "é hoje uma unidade com menos pessoas e menos meios, mas melhor apetrechada, com pessoas muitíssimo mais qualificadas e dotada de meios mais sofisticados e com capacidade que a torna mais eficaz", disse, considerando a base de Monte Real "uma unidade que espelha a história da evolução" da Força Aérea Portuguesa".
Por isso mesmo, o CEMFA destacou o trabalho realizado durante o comando do cessante coronel piloto aviador Joaquim Borrego, que, "com o apoio da macro-estrutura da Força Aérea, comandou bem, fez bem".
"Esta base, além de produzir e gerir poder aéreo, tem uma coisa extraordinariamente importante: a Doca 4", a oficina onde são actualizados as aeronaves, referiu o general, reconhecendo que, há três anos, a FA ainda estava "na curva da aprendizagem", com seis aviões MLU ('Mid-Life Update', modificados), apresentando hoje 19 aparelhos, prevendo, para 2010, a conclusão de "mais seis ou sete".
Ainda assim, o CEMFA assegurou que "a actualização da plataforma não acaba aqui", porque "é necessário continuar a manter o esforço de actuação dos F16" que "Portugal compra aos Estados Unidos da América e transforma para os 'standards' das forças europeias".
"Os sistemas modernos estão sujeitos a permanente actualização, por isso, é preciso alocar recursos financeiros para que tenhamos a Força Aérea que desejamos e que o País merece", acrescentou, considerando "necessário continuar a manter o esforço na actualização dos F16".
"Nunca poderemos olhar e dizer: agora é o último ano em que fazemos modernização em F16. Bom, aí o F16 morre", disse.
Falta modernização dos C-130
Ao contrário da modernização dos F16, os aviões C-130 (aeronave utilizada para o transporte e lançamento de carga e pára-quedistas) não foram alvo de actualizações, situação que o CEMFA lamentou, dado a falta de verbas disponibilizadas no âmbito da Lei de Programação Militar (LPM), que termina no final do ano.
"Como não há outra LPM no dia 1 de Janeiro, não há nada a fazer. O novo Governo e o ministro da Defesa vão tratar disso, com certeza". Mas, para já, "a modernização do C-130 está por fazer", disse, adiantando tratar-se de "um assunto que ultrapassa a Força Aérea", porque "o dinheiro para essa execução estava no Ministério da Defesa" e não chegou à Força Aérea.
Quando questionado à margem das cerimónias do Dia da Unidade, o general Luís Araújo mostrou--se "adepto do duplo uso de infraestruturas aeronáuticas", mas reconheceu que a unidade de Monte Real "é a base mais difícil para fazer missão de duplo uso".Ainda assim, "se for entendido que tem que ser aproveitada para a aviação civil", o CEMFA coloca uma condição: "o terminal de passageiros não é no gabinete do comandante". (Diário de Leiria)
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