Cerca de 50 pais manifestaram-se à porta do Colégio de Lisboa dando apoio à instituição. Do outro lado da barricada, contra a instituição, estavam apenas três mães e Ana Drago, deputada do Bloco de Esquerda.
"És uma amélia, um totó, porque raio tinhas que falar?". Os comentários foram ouvidos por André, nome fictício, 15 anos, depois de ter feito queixa de alunos graduados do Colégio Militar (CM) que lhe causaram vários dias de internamento. O aluno do 9º ano foi submetido, em Outubro de 2006, a excesso de exercício físico por alunos mais velhos, o que lhe causou sérias lesões musculares e vários dias de internamento no Hospital Militar. E só um ano depois é que a mãe o tirou do Colégio.
Este é um dos casos que o DIAP de Lisboa investigou e deduziu acusação contra oito arguidos. Ontem, em frente ao CM, quase meia centena de pais de alunos manifestaram-se como forma de apoio ao estabelecimento de ensino. E do outro lado da barricada estavam apenas três mãe e Ana Drago, deputada do Bloco de Esquerda, que apoiou a iniciativa.
Isabel Dias, mãe de um aluno do Colégio, disse que "as verdadeiras vitimas estão ali dentro, porque as outras já estão a ser defendidas no tribunal". Palavras como integridade, ensino de qualidade e valores morais foram repetidas ao longo das duas horas de concentração. E defenderam que os casos que mereceram acusações do Ministério Público esta semana foram pontuais e "que poderiam acontecer em qualquer outro estabelecimento de ensino".
"Fiquei muito triste", explicou Cristina Amaral, mãe de André e uma das três manifestantes. "Falam muito mas não se faz nada". A encarregada de educação frisa ainda que "fiquei e não fiquei contente ao mesmo tempo" quando soube das acusações do Ministério Público. E ao mesmo tempo frisa que não queria "nenhum miúdo preso, mas gostaria que os alunos mais velhos em causa deveriam ter sido expulsos logo". Já o seu filho, que actualmente frequenta o 12º anos de um liceu público de Lisboa, "apenas queria ver os colegas mais velhos castigados e teve alguma pena de sair do Colégio".
Na manifestação, as mães das crianças que sofreram maus-tratos mostraram vontade que o caso seja resolvido e dizem que há de facto um problema na instituição, a partir do momento em que estes episódios continuam a repetir-se. "O meu filho enquanto permaneceu lá, depois de ter sido internado, continuou a ser alvo de castigos mas nunca mais voltou a ser confrontado pelos mesmos graduados".
Cristina Amaral acusa os pais dos alunos presentes na manifestação de estarem desatentos: "é desleixo não repararem nas nódoas negras".
Ana Paula tirou o filho do Colégio depois de um graduado levantá-lo pelo pescoço, deixar a criança sem ar, até fazê-la cair no chão - segundo depoimento da criança e de colegas que estavam presentes no momento da agressão. Já Lourenço Ribeiro, ex-aluno, definiu os graduados como amigos e os pais que defendiam o Colégio falaram da vivência ali ser como em uma grande família. Segundo o ex-aluno Diogo Reis, existem apenas níveis distintos que variam de acordo com a gravidade da infracção, podendo ir da proibição de sair no fim de semana à mais grave, que é a expulsão. (DN)
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