12 de dezembro de 2009

Estaleiros navais de Viana do Castelo em risco

A falta de encomendas e o impasse na resolução do caso do navio Atlântida - que o Governo açoriano encomendou aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) e rejeitou por não cumprir a velocidade contratada - levam o presidente da câmara minhota a Lisboa, no início da próxima semana, para uma reunião com o secretário de Estado da Defesa e dos Assuntos do Mar.

Depois de ter reunido com a administração da empresa, o autarca socialista quer agora saber que medidas o Governo tenciona tomar para fazer face às graves dificuldades económicas que os Estaleiros Navais de Viana do Castelo estão a atravessar e que poderão pôr em causa os seus cerca de 900 postos de trabalho.

Para José Maria Costa, aquela que é uma das maiores forças empregadoras do concelho deverá merecer, por parte do Governo, nomeadamente do Ministério da Defesa, como responsável máximo da Empordef - a holding das indústrias de defesa nacionais que detém os ENVC -, "uma solidariedade nacional por se tratar de um sector estratégico, não só para a cidade como para a região e para o país".

Costa, que já integrou os quadros da empresa entre 1986 e 1994, recordou que, ao longo dos 65 anos de existência, os estaleiros já atravessaram "situações de falta de encomendas". Defendeu, no entanto, ser necessário, agora, criar "condições para minimizar a actual situação", decorrente da conjuntura económica mundial e da concorrência dos estaleiros asiáticos.

Para além da urgência em reforçar a carteira de encomendas, sobretudo na área da construção naval mercante, o autarca considera ser fundamental resolver o processo do Atlântida, que, desde Maio, está atracado no cais de amarração do Bugio, com elevados custos de manutenção para os estaleiros.

Nesta altura, a carteira de encomendas depende praticamente da construção naval militar. Para a Marinha portuguesa, os ENVC têm trabalho garantido para os próximos cinco anos, contratos que ascendem a 500 milhões de euros.

Ao todo, serão construídas cinco lanchas de fiscalização costeira, com possibilidade de opção por mais três, seis navios-patrulha oceânicos, o primeiro dos quais deverá ser entregue em Janeiro próximo, e dois navios de combate à poluição.

No entanto, a renovação da frota militar absorve apenas metade da capacidade de produção da empresa. A falta de trabalho para ocupar a mão-de-obra total e garantir o normal funcionamento da empresa não é assumida, mas, ainda no mês passado, através de circular interna, o departamento de recursos humanos aconselhou os cerca de 900 trabalhadores a gozarem até final do ano os dias de férias e de folga em atraso.

Os Estaleiros foram criados em Junho de 1944. Nos 65 anos de actividade, já construíram mais de 200 embarcações de todos os tipos. Inicialmente, começaram por se dedicar essencialmente à construção de navios de pesca de longo curso. Posteriormente, o seu leque de construções foi-se alargando, com a aposta nos ferry-boats e nos navios de guerra. (Público)

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