19 de dezembro de 2009

Unidade de Busca e Salvamento Urbano da Armada - "Treinados para ajudar as populações"

Forças Armadas integram o sistema de Protecção Civil, pelo que a Armada criou uma unidade para treinar e formar militares para intervir em operações de busca e salvamento urbano em caso de catástrofes naturais.

A Marinha tem militares treinados para intervir em situações de catástrofe natural, como a que poderia ter ocorrido com o sismo registado este semana ao largo da costa algarvia, disse ontem ao DN o comandante Mota Duarte.

Este oficial é o director da Unidade de Busca e Salvamento Urbano da Armada (UBSU), sedeada na base naval do Alfeite, onde vão iniciar-se cursos de formação nesse domínio em Março de 2010.

"Queremos profissionalizar, nesta área, os militares da Marinha e dos outros ramos das Forças Armadas para dar uma resposta mais adequada e consentânea com a doutrina em vigor", a nível nacional ou das Nações Unidas e na própria NATO, sublinhou Mota Duarte.

Recorde-se que a NATO criou, nos anos 1990, o Conselho de Parceria Euro-Atlântica (EAPC, sigla em inglês) para coordenar o auxílio humanitário dos seus países membros aos Estados do leste europeu afectados por catástrofes naturais. A própria Aliança Atlântica, numa operação coordenada pelo seu comando operacional de Oeiras, também foi responsável pelo emprego das Forças Armadas nas operações de salvamento e ajuda ao Paquistão, aquando do terramoto de Outubro de 2005 - e onde participaram também militares portuguesas, recordou Mota Duarte.

Lembrando que as Forças Armadas integram o sistema de Protecção Civil, aquele capitão-de-fragata sublinhou que a UBSU já treina as guarnições da Armada há cerca de quatro anos.

Essa instrução operacional faz-se num edifício de três andares construído de forma a simular os efeitos de um terramoto - tectos inclinados, paredes tortas, entre outras características de um prédio em ruínas e onde se incluem os efeitos de luz, sons (vento ciclónico, água a cair, gemidos de pessoas feridas, queda de pedras), fumos e mesmo "stress induzido" nas equipas de socorro para criar "um ambiente de grande realismo", acrescentou Mota Duarte.

Isso envolve a verificação do estado das habitações atingidas, o corte de água e energia nas áreas afectadas, a marcação dos perímetros de segurança, a deslocação por entre os escombros até se alcançar as vítimas, a avaliação do seu estado e o transporte para o exterior.

Na base deste treino na Armada, tendo até em conta as lições aprendidas com o terramoto de 1980 nos Açores, está um dos efeitos comuns a esse tipo de catástrofe natural: estradas cortadas, o que nas zonas costeiras faz com que o acesso por mar seja o mais rápido e eficaz, adiantou Mota Duarte.

É por isso que todos os navios "têm equipamento de salvamento ligeiro" e membros da guarnição especificamente treinados para responder a calamidades daquela natureza", salientou Mota Duarte, explicando que em termos organizativos, essas equipas de salvamento incluem brigadas operacionais, técnicas e logísticas "para prestar a adequada assistência humanitária às populações vítimas de uma calamidade natural", em Portugal ou no estrangeiro. (DN)

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