O investimento em novas embarcações para a Marinha Portuguesa deve ser encarado como uma oportunidade para assegurar a sobrevivência dos estaleiros nacionais de construção naval, defendeu hoje o Almirante Vieira Matias.
Numa intervenção num seminário sobre 'A Segurança e a Economia do Mar', promovido em Aveiro pela organização do Congresso Nacional de Segurança e Defesa, o ex-chefe de Estado-Maior da Armada (CEMA) defendeu que a construção de embarcações militares pode ser 'a última oportunidade' para manter a indústria naval portuguesa.
'O investimento em novas construções deverá ser aproveitado como motor de modernização dos estaleiros nacionais, quer através das encomendas diretas quer pela via das contrapartidas', disse o Almirante, acrescentando que 'esta é uma linha de ação que foi seguida por vários países europeus e poderá constituir a última oportunidade para manter construção naval de vulto no nosso país'.
O ex-chefe de Estado-Maior da Armada defendeu ainda, neste contexto, que os estaleiros portugueses deviam ter um papel na modernização das frotas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
'Os programas de cooperação militar com os Palop deviam explorar a possibilidade de usar a construção naval portuguesa para equipar a marinha desses país, estruturando programas que integrem a formação e o treino das guarnições, bem como o apoio logístico', disse Vieira Matias.
Na sua intervenção, o Almirante referiu o papel da Marinha em missões externas da NATO ou sob a égide da ONU, chamou a atenção para o papel da proteção da costa portuguesa e destacou o papel cada vez maior deste ramo das Forças Armadas na formação de pessoal e na economia marítima, que carece de segurança.
'A Marinha exerce uma influência direta na actividade dos 'cluster' marítimos através da dinamização da sua economia na medida dos seus orçamentos de operação, manutenção e investimento', referiu o Almirante.
Antes, o ex-ministro Figueiredo Lopes, membro da organização do Congresso Nacional de Segurança e Defesa, que terá lugar em Lisboa em 23 e 24 de junho, tinha convidado a sociedade civil a dar a sua contribuição.
'O I Congresso Nacional de Segurança e Defesa, pela sua génese, organização e sustentação, é uma típica iniciativa da sociedade civil que pretende criar as condições para assegurar a participação alargada dos portugueses no debate dos temas em questão', frisou Figueiredo Lopes.
O ex-ministro acrescentou que o Congresso é também uma oportunidade para sensibilizar e alertar os cidadãos em geral e em particular os responsáveis políticos, partidários e institucionais do nosso país para a necessidade de se definir uma estratégia nacional num tempo em que a segurança se tornou num problema global devido à natureza dos riscos, ameaças e vulnerabilidades que estão em jogo'.
'Um problema que não nos pode ser indiferente porque tem reflexos no estilo de vida a que nos habituámos e porque é portador de mudanças que podem alterar a hierarquia de valores que hoje conhecemos', concluiu. (Correio do Minho)
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