26 de março de 2010

Exército Português - Exercício 'Relâmpago 10'

Há 10 anos que a 'família' antiaérea do Exército português reúne na Marinha Grande para testar a operacionalidade dos meios em caso de ataque. Este ano não foi excepção, tendo a operação 'Relâmpago 10' terminado ontem, com uma sessão de fogos reais para testar os sistemas mísseis Chaparral, Stinger, e o Canhão Bitubo.

Um exercício que o comandante das Forças Terrestres, tenente-general Amaral Vieira, considera "de grande importância", porque "é o acumular de um conjunto de exercícios ao nível táctico", realizado pelas brigadas mecanizada, de reacção, intervenção, e das zonas militares dos Açores e da Madeira.

"Hoje (leia-se ontem), conseguimos ter no exercício representantes da grande família antiaérea" para treinar em condições "que exigem níveis de segurança muito elevados", já que "temos de ter a garantia que o espaço aéreo, marítimo e terrestre estão livres", disse o comandante aos jornalistas, à margem do exercício.

Programar um exercício desta envergadura não é tarefa fácil, não só pelos milhares de euros investidos, mas pela logística necessária para o concretizar, envolvendo a Força Aérea, a Marinha, e as autoridades locais.

"A execução deste tipo de exercício implica grande coordenação com outras entidades", coordenação que "também é treinada", explicou o tenente-general Amaral Vieira.

Quanto ao equipamento utilizado, o comandante das Forças Terrestres mostra-se "satisfeito" com as armas utilizadas pelo Exército português, admitindo que "desejaria, obviamente, melhor".

"É o equipamento que temos e é com ele que temos de treinar e atingir resultados a que nos propomos. Todos desejamos melhor, mas temos a perfeita noção do que é o compromisso entre o possível e o desejável", disse o tenente-general Amaral Vieira.

Para o comandante do Regimento de Artilharia Antiaérea, coronel Luís Batista, os sistemas que o Exército dispõe "têm demonstrado, ao longo do tempo, a sua viabilidade".

"Temos taxas relativamente elevadas de sucesso na utilização destes sistemas que, face àquilo que é hoje a característica da ameaça aérea para os países da Europa e aliados, está perfeitamente capaz de assegurar um nível de protecção adequado", acrescentou aquele comandante, assegurando que o equipamento "ainda responde àquilo que são as necessidades do Exército em termos de defesa antiaérea a baixas e muito baixas altitudes".

"Essa é a responsabilidade que o Exército tem e os equipamentos para o qual está dotado", salientou.

Questionado sobre a Lei da Programação Militar, que se encontra em revisão, o comandante das Forças Terrestres disse existir um conjunto de equipamentos com prioridade, admitindo, porém, a substituição de material "no espaço disponível".

"Sabemos as dificuldades que o País vive. O Exército e as Forças Armadas têm vindo a partilhar esse esforço há muito tempo, e agora temos de perceber qual é o espaço disponível para irmos substituindo os equipamentos que entendermos como necessários", disse o tenente-general Amaral Vieira.

Novo exercício talvez em Novembro

Ao longo de uma semana, cerca de 250 militares montaram a sua base na Praia do Samouco, mas o plano operacional começou a ser preparado no início do mês, a partir das unidades de Queluz e Santa Margarida.

Ao todo, estiveram envolvidas 10 unidades, com 40 viaturas, para além dos diferentes sistemas de armas e de detecção.

Os militares levantam acampamento hoje. Deverão regressar ainda este ano à Marinha Grande, em Novembro, para um novo exercício.

Objectivos quase cumpridos

Apesar das dificuldades em testar os mísseis Chaparral, os militares fizeram um balanço positivo do exercício.
Durante a manhã de ontem, foram testados os sistemas Canhão Bitubo que, este ano, voltaram a ser operados pelas secções da Madeira e dos Açores.

Foram também testados os mísseis portáteis Stinger, cujo impacto no alvo foi "excelente". Os mísseis Stinger estão ao serviço do Exército português desde 1997, e são utilizados como apoio a combate.

Os mísseis ligeiros Chaparral foram igualmente testados, mas, neste caso, a operação revelou-se mais complicada, dada a dificuldade do míssil em encontrar a fonte de calor do alvo.

Dos quatro mísseis preparados para testar, apenas foi disparado um, que não atingiu o alvo.

Os mísseis Chaparral são utilizados pelo Exército desde 1990. Trata-se de um sistema dissuasor, cuja missão é atingir alvos aéreos a baixas altitudes, numa extensão de cinco quilómetros. Têm capacidade de atingir mais do que um alvo aéreo, sob quaisquer condições de visibilidade e de tempo, devido à utilização do sistema FLIR, de detecção por infravermelhos, e de mísseis tipo 'Fire and Forget'.

De registar ainda a presença de uma embarcação na zona marítima interdita e que obrigou à interrupção do exercício durante um largo período de tempo. (Diário de Leiria)

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