12 de abril de 2010

Ministério deixa cair as 33 'Pandur' com canhão 105

Pedido para adaptar 10 das 240 viaturas com um canhão de 105 mm 'mata' opção de compra avaliada em 140 milhões de euros.

O Ministério da Defesa requereu a adaptação de 10 das 240 viaturas blindadas de oito rodas (8x8) Pandur do Exército para receber um canhão de calibre 105 mm, soube o DN junto de fontes ligadas ao programa.

O pedido parece significar que o Ministério da Defesa desistiu da opção de compra das 33 Pandur 8x8 equipadas com canhão de 105 mm, a qual impunha um investimento adicional de 140 milhões de euros a um projecto de 260 viaturas (20 das quais anfíbias, para a Marinha) que custou 360 milhões de euros.

O Exército, aparentemente desconhecendo a instrução dada ao fabricante (a empresa austríaca Steyr), reafirmou há dias que o programa dessas viaturas blindadas de oito rodas é composto por "240 mais 33" Pandur .

O Ministério da Defesa escusou-se a responder às questões do DN sobre o assunto, limitando-se a dizer que "as questões relativas à execução dos programas militares em curso - que possam decorrer da decisão política de redução em 40% do valor projectado, no quadro da Lei de Programação Militar para o período 2010/2013 - serão consideradas também em sede de revisão" desse diploma.

A aquisição das Pandur 8x8, do fabricante austríaco Steyr (controlado pela norte-americana General Dynamics), foi assinado em 2004 pelo então ministro da Defesa, Paulo Portas. O programa envolve contrapartidas de 516 milhões de euros para a economia portuguesa, cujo cumprimento está atrasado.

No total, o programa para o Exército inclui 240 Pandur 8x8 em 12 versões diferentes (transporte de pessoal, engenharia, ambulância, posto de comando, informações, etc). O ramo já recebeu 120 dessas viaturas, em sete versões diferentes. Porém, só 12 (e da mesma versão) o foram a título definitivo, pois todas as outras apresentam defeitos de origem que têm de ser corrigidos.

Voltando ao pedido feito à Steyr pela Direcção-Geral de Armamento: segundo as fontes do DN, o documento indicava especificamente a adaptação de 10 Pandur para uma torre com o canhão de 105 mm fornecido pela empresa italiana Oto Melara - a qual realizou, em meados de 2008, testes de fogo e estabilidade no Campo Militar de Santa Margarida.

Os mesmos testes, com a torre da empresa belga CMI Defense (na foto), foram feitos no mesmo local em Dezembro de 2007.

Segundo os dados disponíveis, a torre belga CT-CV é significativamente superior à italiana Hitfact em termos tecnológicos e operacionais (e mesmo de recursos humanos, pois só necessita de dois militares para operar contra três do modelo da Oto Melara). Além de ter um maior ângulo de tiro, também usa um carregador de munições automático, o que permite dispensar o terceiro atirador.

Face ao silêncio do Ministério da Defesa, admite-se que a opção tenha por base a diferença de preços entre um e outro modelos ou dos benefícios em matéria de contrapartidas propostas pelos concorrentes italiano e belga.

Neste capítulo, a hipótese de fabrico das torres em Portugal - visando o mercado de exportação - já esteve na mesa das negociações.(DN)

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