27 de julho de 2010

Marinha já abateu 12 navios sem ter os novos patrulhas

O primeiro dos oito navios de patrulha oceânica que a Marinha encomendou aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) está há um ano em fase final de testes, mas a entrega à Armada continua sem data marcada depois de falhados todos os prazos anteriores, ao longo de mais de quatro anos. Entretanto, a Marinha já abateu 12 navios mais velhos que ainda não foram substituídos.

Ao DN, o novo presidente executivo dos ENVC reconheceu falhas no processo de construção e reforçou o desejo de concertar o entendimento com a Marinha, não fosse Gonçalves de Brito, ele próprio, almirante e ex-presidente do Arsenal do Alfeite. "Não é uma questão de erros, mas não terá havido a percepção da complexidade de alguns sistemas de bordo. Não é que seja nada de especialmente complexo, mas é fora do vulgar. Agora há que identificar os bloqueios e resolver", explicou o almirante.

Embora recusando falar em prazos, assume que a entrega do primeiro patrulha "será feita o mais depressa possível". Ao DN, fonte da Marinha tinha já admitido que aquele ramo precisa dos patrulhas "com urgência", tendo em conta que ainda operam com navios de 40 anos "e custos elevadíssimos de operação". "Mas também sabemos que os novos navios serão estruturantes para os próximos anos", apontou a fonte.

Por seu turno, o almirante que agora lidera a direcção executiva dos ENVC admite que a construção, pelos dados que recolheu, foi "um pouco difícil". Gonçalves de Brito admite que um navio "arrastando-se nos estaleiros" é também "um encargo, porque tem de ser conservado e mantido".

Segundo a Armada, o impasse na entrega obrigou à manutenção em funções de corvetas e patrulhas, com 40 anos de serviço, o que representa "custos de operação muito grandes", além de "uma grande capacidade de engenharia da Marinha" para os manter operacionais.

O dispositivo naval conta actualmente com três patrulhas operacionais, de uma frota inicial de dez, além de um navio balizador reconvertido, e mais cinco corvetas, de dez iniciais. Ou seja, nos últimos anos a Marinha já abateu ao efectivo naval de vigilância costeira um total de 12 navios, enquanto aguarda os novos oito patrulhas.

Em Março de 2009, o Ministério da Defesa assinou com os ENVC contratos para a construção, ao longo de cinco anos, de navios e lanchas, cujo valor ascende a 500 milhões de euros.(DN)

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