14 de setembro de 2010

NATO quer escudo anti-míssil na Europa

O secretário-geral da NATO, Anders Fogh Rasmussen, declarou numa entrevista ao jornal britânico “The Telegraph” ter o apoio dos Estados Unidos para a instalação de um escudo defensivo de protecção contra os mísseis do Irão, um projecto orçado em 200 milhões de euros que a parceria atlântica deverá discutir na sua cimeira anual de Novembro, em Lisboa.

Rasmussen acredita que um novo sistema de defesa, que garanta protecção de “toda a extensão do território dos aliados”, não será difícil de instalar. De acordo com o seu plano, discutido na semana passada em Washington com o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a NATO teria de estabelecer um novo comando e centro de controlo para coordenar a actual rede de sensores e radares, e instalar novos mísseis SM-3 em terra – actualmente, estes mísseis estão a bordo de navios norte-americanos.

“Podemos construir um escudo de defesa anti-míssil eficiente e com capacidade para proteger toda a nossa população apenas com a ligação dos sistemas já existentes. Neste período de constrangimentos orçamentais, este é um projecto com um custo muito reduzido: 200 milhões de euros durante 10 anos, partilhados por 28 aliados. É um custo modesto para proteger 900 milhões de pessoas”, considerou.

O secretário-geral não avançou uma localização para estas novas peças do sistema de defesa europeu. Um projecto semelhante dos Estados Unidos, que pretendia instalar sensores e mísseis na Polónia e República Checa, foi inviabilizado pela Rússia, mas Rasmussen diz que a sua proposta prevê a colaboração de Moscovo. “Realisticamente, teríamos um sistema de defesa da NATO que seria complementar ao sistema de defesa da Rússia”, notou.

Na semana passada, os inspectores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) avisaram que Teerão acaba de ultrapassar mais uma etapa do seu programa nuclear, e está mais próximo de poder apetrechar os seus mísseis balísticos com ogivas nucleares.

“Sabemos que o Irão já dispõe de mísseis com alcance suficiente para atingir alvos na Europa e o regime não esconde a sua intenção de desenvolver ainda mais a sua capacidade”, disse Rasmussen. O Irão dispõe de armas capazes de percorrer mais de quatro mil quilómetros e atingir a Grécia e a Turquia.

Na mesma entrevista, Rasmussen confirmou que o Afeganistão será o principal ponto da agenda da cimeira de Lisboa. “Espero poder anunciar em Lisboa o início da transição [da responsabilidade pela segurança do país] da NATO para as autoridades afegãs. Será um processo gradual, com início em 2011 e fim em 2014”, estimou.(Público)

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