25 de outubro de 2010

Portugal tenta manter Oeiras como comando naval

Governo tenta fechar a solução possível: manter o quartel-general, mas de nível inferior

A continuidade do comando regional da NATO em solo português passa por se transformar numa estrutura naval, o que reduz a sua importância militar mas corresponde à vitória político-diplomática possível para Lisboa.

A solução deverá passar por Roma, segundo fontes ouvidas pelo DN. Um sinal disso pode ter sido dado pelo ministro da Defesa italiano, Ignazio La Russa, ao dizer há há dias acreditar que o seu país não perderá o comando (também regional) de Nápoles, mas reconhecendo ser necessário encontrar uma forma de compensar Lisboa pela perda do comando regional de Oeiras.

Em Itália há várias estruturas da NATO: além do comando regional de Nápoles, há um comando de componente naval (também em Nápoles), uma base em Sigonella - onde vai ser instalado o futuro Sistema de Vigilância Terrestre (AGS, sigla em inglês), dando emprego a quase um milhar de pessoas - e ainda diversas agências.

Segundo uma das fontes, "no campo das hipóteses, está tudo de pé [leia-se até manter o comando regional de Oeiras], pois não há decisões" sobre a localização dos futuros comandos. Agora, adiantou a mesma fonte, "o que tem de haver é uma redistribuição" pelos restantes países - excluídos os membros do leste europeu, por causa do acordo NATO-Rússia - das estruturas que se vão manter.

A exemplo de Itália, países como a Holanda e a Bélgica - onde estão o quartel-general da NATO, o comando estratégico operacional, a sede da Agência de Consultas, Comando e Controlo (NC3A, sigla em inglês) ou o quartel-general das forças de Operações Especiais da Aliança - acolhem múltiplas estruturas da organização.

A reforma interna da NATO já definiu uma estrutura só com seis comandos - embora sem os analisar em termos de distribuição geográfica. Diferentes fontes coincidem na sua identificação: dois estratégicos, dois regionais e dois de componente (aérea e naval).

Assumindo que esse número não será alterado (por decisão política), os constrangimentos financeiros que balizam a reforma interna da NATO permitem admitir que serão aproveitadas algumas das estruturas existentes - e nos países onde estão.

Assim, os dois comandos estratégicos deverão manter-se em Norfolk (EUA) e Mons (Bélgica), enquanto os dois regionais ficarão em Nápoles (Itália, que controla as operações nos Balcãs) e Brunssum (Holanda, responsável pela guerra no Afeganistão).

Segundo o vice-almirante Reis Rodrigues, esses dois comandos regionais "já são conjuntos [forças do Exército, Marinha e Força Aérea] e essencialmente terrestres", o que justificará manter apenas um comando naval e outro aéreo.

O comando aéreo deverá ficar na Alemanha (Ramstein) ou - o mais provável, segundo uma das fontes - na Turquia. Fica assim em aberto a localização do futuro comando de componente naval.

Portugal, através dos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, já fez saber que está disposto a travar uma estrutura de comandos que exclua a bandeira da NATO do seu território. Mais, o DN sabe que o Governo português está disposto a aceitar a despromoção do quartel-general de Oeiras (para comando naval) - mas não a sua extinção.

"Se essa solução se confirmar, é uma espécie de regresso às origens, pois Oeiras nasceu e foi durante muito tempo um comando naval", sublinhou o vice-almirante Reis Rodrigues - um antigo comandante dessa infra-estrutura.

Com o alargamento, Portugal deixou de exercer em permanência o comando do quartel-general de Oeiras, passando a alternar esse posto com os de segundo-comandante e de chefe do Estado-Maior. (DN)

1 comentário:

  1. As Forças Armadas não podem ser uma arma de arremesso na luta partidocrática. Essa gente não percebeu que os assuntos da política do Estado, não se compadecem com apetites , lamúrias ou jogos de bastidor. Agora, pretendem continuar com o Comando NATO de Oeiras, quando o Parlamento e a comunicação social afim, esbraceja contra os gastos na modernização das F.A., mas exige a sua participação em missões longínquas, onde vários casos de penúria tiveram de ser compensados pela boa vontade dos nossos aliados. Enfim, não contentes com os despautérios, chega agora a notícia da pretensão em anexar uma vasta área do Atlântico Norte, qual Mapa Cor de Rosa dos nossos dias. Talvez aí chegue um Ultimatum. Nem sequer conseguem firmar a posse das Selvagens e os forums militares espanhóis disso falam abertamente.

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