30 de setembro de 2011

Porto de Setúbal quer evitar actos de pirataria

O Porto de Setúbal já executa medidas de prevenção à pirataria, com as frequentes escoltas aos navios que entram e saem da costa. Apesar de este fenómeno ocorrer com maior frequência no Oceano Índico, um eventual contágio à nossa costa quer ser evitado pela OTAN, pela Organização Marítima Internacional (OMI) e pela União Europeia. Carlos Lopes, presidente do Conselho de Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra demonstra que “a pirataria marítima afecta todos, pelo que seria errado pensar que é um problema que diz respeito apenas ao transporte marítimo”.

“A economia é suportada por uma cadeia de transporte marítimo e, sem dúvida, não há excepções na distribuição dos prejuízos causados pela pirataria”, afirma Carlos Lopes, para quem estas acções criminosas “representam uma considerável perturbação no movimento de contentores via marítima”. José Santos, director geral da CMA CGM Portugal, uma das maiores empresas de logística marítima, elucida para o “custo directo proveniente da pirataria, que no total, chega aos nove mil milhões de euros”.

“Entre o pagamento dos resgates, os prémios de seguro, o reajustamento de rotas marítimas, o reforço de forças navais, os custos processuais, a criação de organizações anti pirataria e os custos para as economias regionais”, José Santos admite que os actos de pirataria têm influência directa “sobre os mais de 93 mil navios que asseguram 80% da economia mundial”. O aumento do pagamento de resgates, “de 400 mil em 2005 para os doze milhões atuais” é justificado pela “incapacidade dos governos em julgar os piratas da Somalis”, admite o presidente da CMA CGM portuguesa.

Alberto Correia, comodoro da marinha portuguesa que comandou, de abril a agosto a força naval da União Europeia nas águas do Índico, revela a “capacidade impressionante de regeneração dos piratas da Somália”. “A miséria excessiva que aquele país atravessa desde a década de 90 faz com que os somalis vejam a pirataria como forma de sobrevivência”, prossegue Alberto Correia, acrescentando que “em média, um somali ganha pouco mais de dez mil euros na vida inteira, enquanto num só acto de pirataria, pode lucar mais de 22 mil euros”.

O comodoro revela que o “mandato da missão portuguesa no Oceano Índico foi prolongado até 2012”, com o principal objetivo a reter-se na “escolta a navios da World Food Programe (WFP) e da AMISOM, proteção a navegações vulneráveis e a monitorização da actividade piscatória ao longo da costa da Somália”. Sem a possibilidade de julgar os piratas em tribunais, Alberto Correia revela que “quando capturados, estes são deixados num barco que apenas tem um motor de 10 cavalos, o suficiente para os levar de volta à costa”. Alberto Correia admite que a solução para a erradicação deste problema, que se pode alastrar para outros pontos do mundo, passa pela “intervenção em solo somali, mas todas as acções já executadas revelaram-se mal sucedidas”. (Setúbal na Rede)

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