8 de novembro de 2011

Força Aérea vai ter de “cortar” 30 por cento nas horas de voo em 2012

O chefe do Estado-Maior da Força Aérea (CEMFA) afirmou hoje que a proposta de Orçamento para 2012 vai obrigar a uma redução de cerca de 30 por cento nas horas de voo e a mais "contenção" no ramo.

"É uma proposta restritiva, que nos vai obrigar a adaptar, vamos ter de voar menos, vamos ter de nos adaptar a uma situação de maior contenção", declarou à agência Lusa o general José Pinheiro.

O CEMFA falava no final de uma audição de quase três horas na Comissão Parlamentar de Defesa, que decorreu à porta fechada.

"Vou ter de voar menos, as horas de voo são directamente relacionadas com o Orçamento disponível", sublinhou.

O chefe militar disse ainda ter "a certeza" de que as "missões críticas" da Força Aérea - como a busca e salvamento e missões de soberania - "vão continuar a ser feitas", embora "noutras condições" e "com menos pilotos".

José Pinheiro adiantou que a redução nas verbas para voo anda "na casa dos 30 por cento" e que no próximo ano a Força Aérea Portuguesa vai voar cerca de 17.000 horas, quando este ano tinha planeadas 23.400 horas.

"Vamos gerir da melhor maneira possível o Orçamento que nos é atribuído tentando minimizar o impacto, mas obviamente que há impacto", reconheceu, manifestando "esperança de que o futuro será melhor".

As despesas do Estado com a Defesa Nacional vão diminuir 3,9 por cento no próximo ano, estando previsto um corte de 30 por cento nos encargos com saúde, segundo a proposta de Orçamento do Estado para 2012.

Segundo a proposta de lei do Governo, a despesa total consolidada do ministério da Defesa Nacional em 2012 ascende a 2.216 milhões de euros (contra 2.305,6 milhões de euros estimados em 2011).

O CEMFA afirmou ainda que o congelamento das promoções está a afectar as Forças Armadas e admitiu ter postos de comando ocupados por militares de posto inferior a oficial-general.

"As Forças Armadas, sendo uma estrutura hierarquizada, em que as competências estão muitas vezes relacionadas com a hierarquia e o posto, são naturalmente afectadas, a Força Aérea neste momento está, como os outros ramos, a ser afectada por isso", disse à agência Lusa o general José Pinheiro.

O CEMFA disse esperar ver esta restrição "minimizada". "Aguardemos melhores dias", reforçou, defendendo que é preciso "trabalhar em conjunto" para resolver o problema e encontrar "soluções".

O general José Pinheiro admitiu ainda ter "neste momento lugares de oficial-general que estão providos por pessoas de posto inferior".

O chefe militar referiu no entanto que "o fundamental é que a missão está a ser cumprida" e que não é "bom para a coesão que se promovam só oficiais-generais e não se promova noutros postos".

"Será algo que está a ser visto e que tenho esperança que possa vir a ser resolvido da melhor maneira possível, mas não sei qual é", concluiu.

Os chefes do Exército e da Marinha, assim como o próprio chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), também já tinham manifestado a sua preocupação com o congelamento das promoções e o seu efeito da estrutura das Forças Armadas.(P)

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