Duarte Caldeira deixa no final do ano a Liga dos Bombeiros Portugueses após 12 anos na presidência. E alerta para a necessidade de uma redefinição do sistema de financiamento sustentável dos corpos de bombeiros.
Correio da Manhã - Esteve 18 anos na direcção da Liga dos Bombeiros Portugueses, 12 deles como presidente. O que mudou na Protecção Civil neste período?
Duarte Caldeira - Como presidente da Liga relacionei-me com sete ministros da Administração Interna e 8 secretários de Estado com esse pelouro. E passei por três alterações legislativas diferentes. Ou seja, foi um período marcado pela instabilidade, que quase transformou o sector num laboratório de experiências legislativas e governativas na área da protecção e socorro. Mas houve três aspectos que evoluíram de uma forma muito importante e para o qual o contributo da Liga foi muito importante: a formação, a profissionalização e a definição de uma estratégia para a juventude.
- E o que ficou por fazer?
- Em termos gerais não evoluímos tanto como gostaríamos. Há uma lacuna resultante do facto de este sector ser um laboratório de experiências legislativas. Não alcançámos um regime de financiamento do socorro confiado a bombeiros que confira estabilidade a estas instituições.
- Tendo em conta a crise financeira, há risco de colapso da estrutura de socorro?
- Sim, há esse risco de colapso. Haverá restrições orçamentais e financeiras. Será preciso fazer mais com menos. Mas se não houver rapidamente uma definição de um modelo de financiamento que dê sustentabilidade a esta estrutura, evidentemente que em muitos locais o socorro, ao nível do que tem sido garantido às populações, irá estar a breve trecho em causa. Que não haja qualquer tipo de ilusão.
- O que pode esperar o sucessor na LBP?
- A missão dos dirigentes da LBP nos próximos três anos terá um quadro muito difícil, que vai exigir muito empenho e capacidade para produzir soluções.
"CORTE NOS TRANSPORTES É IRREVERSÍVEL"
A direcção da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) reuniu anteontem com o Ministério da Saúde e concluiu que "é irreversível a redução do número de transportes de doentes não urgentes pagos pelo ministério", disse Duarte Caldeira. O presidente da LBP adiantou que, até 31 de Dezembro, um grupo de trabalho vai "elencar um conjunto de medidas para minimizar os efeitos desta situação nas corporações".
PERFIL
Duarte Nuno Caldeira tem 60 anos e é natural de Lisboa. Casado e com dois filhos, formou-se em Gestão de Empresas e iniciou a sua ligação aos bombeiros na corporação de Agualva-Cacém. Presidiu à Escola Nacional de Bombeiros até 1994, altura em que integrou a Liga dos Bombeiros Portugueses. Participou no processo de transição de Timor-Leste. (LBP)
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