10 de fevereiro de 2012

Um último olhar a um navio que se vai afundar

Chega hoje ao cais de Portimão, pelas 17h30, a corveta Oliveira e Carmo, o primeiro de quatro navios da Marinha de Guerra Portuguesa para afundar e criar o parque subaquático Ocean Revival. Parceiro privado garante que autarquia “não gastará um cêntimo”.

A chegada do navio estava prevista para esta manhã, mas “imponderáveis de navegação”, atrasaram a rota em conformidade, só amanhã pelas 11h00, será apresentado o programa de trabalhos de limpeza e descontaminação com vista à imersão dos navios que integrarão o Parque Subaquático da Marinha de Guerra Portuguesa, a criar a cerca de 5,5 quilómetros da costa.

A Oliveira e Carmo foi lançada em 1975, justamente, na altura em que objetivo da sua construção, a presença naval nos mares das ex-colónias de Portugal tornava a sua missão sem sentido, com o fim da guerra colonial.

Isto porque é a peça inicial do Ocean Revival, um espaço que permitirá criar museológico subaquático, vocacionado para o turismo de mergulho, no âmbito de um protocolo assinado a 5 de Agosto de 2011 entre a Marinha e a Câmara de Portimão.

No “termo de transferência e de aceitação” ficou consignado que os cascos da fragata Hermenegildo Capelo, do navio-hidrográfico Almeida Carvalho, da corveta Oliveira e Carmo e do navio-patrulha Zambeze, já desativados e abatidos há algum tempo, serão afundados ao largo da Praia de Rocha, a cerca de três milhas da costa, em fundos de areia, com uma profundidade de cerca de 30 metros, em área já validada pelas autoridades ambientais.
Esta será devidamente assinalada e balizada para que os cascos dos navios afundados constituam roteiros subaquáticos, seguros e acessíveis a qualquer mergulhador desportivo, à semelhança dos que existem já em diversos países designadamente os EUA ou Reino Unido , adianta a Revista da Marinha.

A concretização do projeto levou à constituição da MUSUBMAR - Associação para a Promoção e Desenvolvimento do Turismo Subaquático, uma associação sem fins lucrativos, pela autarquia de Portimão e pela empresa Subnauta.

De acordo com a mesma fonte “serão convidadas a participar todas as coletividades do concelho ligadas à área do mergulho”.

Recife artificial único no mundo

O passo seguinte, a preparação para afundamento da primeira unidade que inicialmente seria o ex-Zambeze em Outubro do ano passado, vai agora iniciar-se com a corveta corveta Oliveira e Carmo, estando previsto o casco sofrer desmontagens e a retirada de quaisquer produtos contaminantes num dos estaleiros do porto de Portimão.

O autarca Manuel da Luz, considera que “o Ocean Revival faz todo o sentido”, justificando o projeto com a facto de o Mar ser “um recurso central de grande importância para o município”.

Outra das vantagens , além de criar um espaço museológico origina com potencial para o turism,o náuticol, é o reforço do ecossistema, “pois os navios a afundar funcionarão como recifes artificiais num fundo de areia, o que possibilitará o aumento da biodiversidade na zona”.

Parceiro privado garante que autarquia “não gastará um cêntimo”

Na assinatura do protocolo no verão do ano passado Luis Sá Couto, proprietário e administrador da firma Subnauta, parceira do município na MUSUBMAR garantiu que “a Câmara Municipal não gastará nem um cêntimo em todo este processo”.

Uma das fontes de rendimento seria a câmara hiperbárica cuja instalação está igualmente prevista no âmbito do projeto e é um equipamento fundamental para o tratamento dos acidentes de mergulho, ou das pessoas que inalaram gases, como o monóxido de carbono, entre outras valências terapêuticas.

O desenvolvimento do nicho do turismo de mergulho é outra das perspetivas, e pelas contas da Subnauta nos primeiros dez anos sejam atraídos 620.000 mergulhadores e respetivas famílias.

Segundo a Revista de Marinha o projeto Ocean Revival, desenrola-se há alguns anos, mas tardava em concretizar-se, “consequência das conhecidas burocracias e do receio em tomar decisões de muitos responsáveis administrativos e governamentais”.

Depois da última viagem até ao cais do porto de Portimão a corveta “Oliveira e Carmo”, rumará aos estaleiros, para ser preparada para o afundamento, depois de uma longa carreira que terminou em 1999, navegando a superfície do mar, em missões pacíficas. (O.A)

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