O Centro de Estudos do Clima, Meteorologia e Mudanças Globais da Universidade dos Açores propõe a criação de uma formação técnica e superior em Meteorologia Operacional na base das Lajes.
O coordenador do centro, Eduardo Brito Azevedo, explica que a proposta visa um "aproveitamento" da infraestrutura militar norte-americana e da "localização do arquipélago".
"Actualmente, a formação nesta área está a ser ministrada de forma fragmentada e o que propomos é uma formação integral, de nível internacional, com o aproveitamento das condições excelentes da base militar", disse o docente.
Segundo Eduardo Brito Azevedo, os Açores estão, "há mais de século e meio, identificados como local privilegiado para o estudo das ciências atmosféricas e meteorológicas no Atlântico", recordando a criação na região do primeiro serviço de meteorologia de Portugal, a funcionar desde 1902, e sobretudo a presença da Força Aérea norte-americana na ilha Terceira, com "as mais recentes tecnologias relacionadas com a meteorologia operacional".
"A base aérea das Lajes dispõe do único radar meteorológico dos Açores", referiu o especialista da academia açoriana, acrescentando o facto de esta dispor de uma "estação de aero-sondagem de apoio à meteorologia, uma das três existentes em Portugal [Lisboa, Funchal e Lajes], onde são efectuados dois lançamentos de balões meteorológicos por dia".
Eduardo Brito explica que a "base aérea e o aeroporto das Lajes dispõem de um serviço permanente de meteorologia operacional de apoio à aeronáutica", garantido por equipas das forças aéreas portuguesa e americana onde a operação aeronáutica, "não sendo demasiado intensa, permite condições de ensino e de prática únicas e compatíveis com os requisitos de segurança e com a sua normal actividade".
Outro factor está no "reaproveitamento" das infraestruturas concentradas na base militar.
"A situação decorrente da redução do contingente americano nas Lajes vai disponibilizar instalações em quantidade e em qualidade, facilmente adaptadas à formação bem como à instalação de alunos e professores", sustenta o investigador.
Eduardo Brito Azevedo inclui ainda na proposta o Porto Atlântico da Praia da Vitória, cuja "proximidade" à base aérea traria "componente oceânica e marítima" à formação em meteorologia.
A proposta está a ser transmitida a diversas entidades, "potenciais parceiras", entre elas o Comando Aéreo dos Açores, Academia da Força Aérea Portuguesa, institutos do Mar e da Atmosfera, Hidrográfico da Marinha e Geofísico D. Luiz, Escola Naval da Marinha, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Fundação Luso-Americana, Governo Regional, autarquias e estruturas empresariais da ilha Terceira.
Para o docente, a presente proposta visa "recuperar a vocação do arquipélago dos Açores no que se refere à valorização da sua posição no Atlântico, designadamente no que se refere às respectivas potencialidades no domínio das ciências atmosféricas e do mar". (Fonte Açoriano Oriental)
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