17 de maio de 2014

Pentágono desmente instalação de base americana em Beja

Beja vir a acolher a Força de Intervenção Rápida (FIR) americana, até agora estacionada em Morón, na Andaluzia, foi esta semana noticiada por vários órgãos de comunicação nacionais. Notícias negadas pelo Pentágono. No entanto, ninguém desmentiu – ou confirmou – a visita a Beja de uma delegação militar americana, em finais do ano passado.

“Beja pode ser a melhor solução para os marines na Europa”. Esta é a convicção de um alto comando militar da Força Aérea Portuguesa (FAP), no entanto, este operacional ouvido pelo “Diário do Alentejo”, não confirma que estejam a decorrer iniciativas que a curto prazo se possam traduzir na mudança da FIR dos EUA para o território nacional.

A fonte contactada pelo “DA” considera que a zona de Beja e do litoral alentejano apresenta “todas as características necessárias para o treino de uma força militar de elite” como esta. “Tem uma pista e uma meteorologia excelente” e no litoral “os 50 quilómetros de costa para sul de Sines, são os ideais para treinar desembarques”, explica.

No entanto, num comunicado citado pela agência espanhola de notícias EFE, a porta-voz do Pentágono para a Europa, Eileen Lainez, negou que os EUA tivessem “planos para mudar a localização das forças dos EUA de Morón, em Espanha, para Beja, esclarecendo que isso não impedia que continuassem “a trabalhar com Portugal no desenvolvimento de oportunidades de treino bilaterais, entre os quais os que acontecem agora”, que incluem manobras de pelotões da Força de Resposta Rápida de Morón e membros do Corpo de Fuzileiros Navais de Portugal.

Nos Açores a notícia foi mal recebida pelo município da Praia da Vitória, onde está localizada a Base das Lages, e pelo Governo Regional. Em comunicado, a autarquia confessa que “vê com preocupação este episódio porque o mesmo indicia que, nas negociações diplomáticas em curso, estão a ser equacionadas soluções que, a médio-prazo, podem desvalorizar a base das Lajes e justificar a diminuição do efectivo militar norte-americano, com impacto significativo na economia e sociedade locais”.

Também Vasco Cordeiro, presidente do Governo Regional dos Açores, numa carta enviada ao primeiro-ministro Passos Coelho, exigiu esclarecimentos “sobre a existência ou não desses contactos, e a ligação que podem ter com as tomadas de posição do Governo português sobre a base das Lajes”. 

O presidente do executivo açoriano pergunta ainda ao Governo português se “entende que é possível conceder facilidades aos EUA noutras infraestruturas militares em qualquer ponto do território nacional enquanto não estiver devidamente resolvida a situação da base das Lajes”.

De facto, segundo informações recolhidas pelo “Diário do Alentejo” nos Açores, um estudo recente efectuado pelas autoridades portuguesas revela que as famílias americanas, só em alojamento, deixam na economia local cerca de 275 mil euros por mês, valor que tenderá a baixar drasticamente se os americanos reduzirem a sua actividade na Ilha Terceira.

O que está em cima da mesa é a possibilidade do contingente americano nos Açores deixar de prestar serviço durante 24 horas, passando a operar apenas das 10 horas às 18 horas. Isso implica desde logo uma redução dos actuais 650 operacionais, mais famílias, para 160, sem famílias. Paralelamente os civis portugueses que trabalham na dependência das forças americanas também passarão de 800 para metade.

No entanto, há a ressalvar que a FAP continuará a operar durante todo o dia e toda a noite, para cumprir, controlar e coordenar as acções de busca e salvamento nas áreas de responsabilidade atribuídas aos Comando da Zona Aérea dos Açores. (D.A)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Mensagens consideradas difamatórias ou que não se coadunem com os objectivos do blogue Defesa Nacional serão removidas.