28 de junho de 2014

“Erros do passado” deixam meios de salvamento em terra

O presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) confirma a situação vivida pelos elementos da esquadra dos helicópteros de busca e salvamento nos Açores e na Madeira. Há tripulações de busca e salvamento inactivas por falta dos pilotos-comandantes.

Pereira Cracel considera que o que se passa nas ilhas é o espelho dos erros cometidos nas Forças Armadas. “Temos uma tripulação a quem não são conferidas possibilidades de operar. O que se deduz é que estão ali camaradas a consumir recursos financeiros sem que resulte vantagem que se conheça”, refere à Renascença.

E isso Pereira Cracel não compreende. “Não se entende que uma tripulação esteja deslocada, com gastos e consequências para os tripulantes, desnecessariamente”.

A Força Aérea tem 100 pilotos que fazem transporte, busca e salvamento, resgate em 11 esquadras diferentes. O número é suficiente, defende o presidente da AOFA. O problema está nas condições e recursos, que “não tem”.

Falsa sensação de segurança

Há tripulações de busca e salvamento inactivas nos Açores e em Porto Santo. Duas tripulações da esquadra que faz busca e salvamento estão paradas por falta dos pilotos-comandantes.

As equipas estão destacadas nas ilhas, longe de casa, mas não podem trabalhar, porque os helicópteros não podem ser utilizados. A Força Aérea gasta dinheiro para os manter em locais onde nada fazem – servem apenas, segundo dizem militares que ouvimos, para criar uma falsa sensação de segurança.

A situação está a gerar mal-estar e tem origem no grande problema da incapacidade de retenção de pilotos da Força Aérea. Muitos, depois de anos de formação, saem para a aviação civil à procura de melhores condições.


Tripulações a postos, mas sem condições para actuar

O destacamento de uma tripulação na Madeira ou nos Açores dura 15 dias. Nestes locais estão em permanência aviões, helicópteros e tripulantes de duas esquadras, mas só metade pode avançar para uma missão de busca e salvamento ou evacuação médica.

Devido à falta de pilotos-comandantes em Porto Santo e na Terceira, o grau de prontidão baixou para metade: sem piloto, a aeronave não pode descolar, logo a tripulação está inoperacional.

Para os destacamentos de Porto Santo, Açores e Montijo seriam precisos no mínimo 12 pilotos, mas só há seis.

Estão duas tripulações sem piloto e dois helicópteros a postos, mas se forem chamados para salvar alguém no mar, por exemplo, não o podem fazer. Primeiro, têm de chamar um piloto que está no Montijo, ou seja, um helicóptero EH 101, que podia actuar em poucos minutos leva assim três a quatro horas a chegar.
(RR)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Mensagens consideradas difamatórias ou que não se coadunem com os objectivos do blogue Defesa Nacional serão removidas.