27 de junho de 2014

UM TELÉGRAFO ERICSSON AO SERVIÇO DAS FORÇAS ARMADAS

A comunicação à distância é, desde os tempos mais remotos da Humanidade, uma necessidade básica à sobrevivência humana e ao seu desenvolvimento. A voz gritada, o assobio, o rufar dos tambores, os sinais de fumo e a luz solar reflectida em superfícies espelhadas, foram sem dúvida algumas das formas ancestrais das telecomunicações. Mas, no século XVIII, emergiu a vontade de comunicar a distâncias cada vez maiores, em espaços temporais cada vez menores.

O telégrafo foi o primeiro sistema de transmissão de mensagens à distância. Inventado por Claude Chappe, em 1793, transmitia mensagens visíveis através de braços articulados. Mas várias limitações se verificaram, tais como a impossibilidade de comunicar à noite ou a longas distâncias. Em 1837, Samuel Morse inventou um telégrafo cuja comunicação era feita através de um dispositivo com uma única tecla que, quando premida, enviava um impulso eléctrico que se traduzia num sinal gráfico, sonoro ou luminoso (código Morse). Foi o principal sistema de comunicação no século XIX e início do século XX.

O telégrafo teve um papel crucial nas comunicações militares. A Unidade Telegráfica de Campanha Ericsson Tipo MD-100 constitui disso exemplo, um equipamento fabricado na Suécia em 1910 e utilizado pelas Forças Armadas Portuguesas entre as décadas de 20 e 50 do século XX.

Trata-se de um equipamento complexo e muito interessante, composto por uma caixa de madeira com quatro tampas articuladas abrindo com chave para aceder ao aparelho, bobinas metálicas com suporte para fita de papel e respectivo rolo de papel, manipulador de Morse, campainha, chave para corda do mecanismo de relógio, galvanómetro, terminais para ligações diversas, dispositivo para tinteiro com tampa e respectivo tinteiro de vidro.

O seu funcionamento baseia-se no estabelecimento da comunicação em código Morse por fios, fechando o circuito eléctrico, através de manipulador (chave de Morse). Desta forma é activado um electroíman acoplado a um ponteiro marcador, situado na unidade telegráfica receptora, fazendo o ponteiro traçar uma linha sobre uma tira contínua de papel, movida por um mecanismo de relógio.

O chamado código de Morse consiste na combinação de dois sinais de diferente duração: sinais curtos, representados por um ponto; sinais longos, representados por um traço. Assim na unidade receptora aparecem pontos e traços, referentes a cada letra do Código Morse transmitida pelo manipulador da unidade emissora.

A instalação telegráfica de campanha militar da marca Ericsson, tipo MD-100, fabricada na Suécia, em 1910, e usado na transmissão e recepção de mensagens em código Morse, era propriedade do Exército Português – Regimento de Transmissões do Porto
(RTPorto).

Foi cedida ao Museu dos Transportes e Comunicações no contexto da exposição COMUNICAR, na qual ilustra a evolução dos meios de comunicação no núcleo “Mensageiros”.

O Museu dos Transportes e Comunicações abre de terça a sexta, das 10h às 13h (entrada até às 12h) e das 14h às 18h (entrada até às 17h), e aos sábados, domingos e feriados, das 15h às 19h (entrada até às 18h). (Porto 24)

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