31 de outubro de 2014

Parlamento dos Açores exige meios humanos para a Força Aérea nas ilhas

O parlamento dos Açores aprovou hoje, por unanimidade, uma resolução a ser enviada ao Governo da República e às Forças Armadas em que exige que sejam colocados nas Lajes os meios humanos necessários para assegurar as chamadas evacuações médicas.

O texto, proposto aos restantes deputados pelo CDS-PP sublinha a "dispersão geográfica" do território açoriano por nove ilhas, o que "condiciona a oferta de serviços de saúde".

Numa região em que apenas três ilhas têm hospital, as missões da Força Aérea que asseguram o transporte urgente de doentes nos Açores "são vitais" para quem reside no arquipélago, sublinha o texto.

Os deputados lembram que tem havido "anomalias na realização daquelas missões, tendo a Força Aérea Portuguesa justificado com a falta de operacionalidade de alguns aeroportos e aeródromos regionais".

"Igualmente foi veiculado publicamente, sem que tenha ocorrido qualquer desmentido oficial, que a falta de meios humanos da Força Aérea para tripular os helicópteros EH-101 MERLIN poderia estar na origem de algumas daquelas anomalias", lê-se ainda no documento.

Há alguns meses, um homem ferido numa tourada na ilha de São Jorge morreu enquanto aguardava meios da Força Aérea para ser transferido para o hospital.

A Força Aérea justificou a falta de resposta com a indisponibilidade do único piloto que neste momento tem para pilotar os três helicópteros com que assegura as evacuações médicas nos Açores e na Madeira.

Por outro lado, disse que a pista do aeródromo de São Jorge não tem a iluminação certificada, recusando por isso usar outro tipo de aeronave para ir buscar o ferido.

O presidente do CDS-PP/Açores sublinhou que esta questão precisa também de ser esclarecida, uma vez que se o argumento de falta de piloto é uma "justificação aceitável", já o da iluminação da pista "custa a aceitar".

Artur Lima sublinhou que a iluminação da pista de São Jorge "até é nova" e que a questão da certificação só importa para a aviação civil, lembrando que os militares aterram em pistas com "condições mínimas" de segurança e em cenários de catástrofe, por exemplo.

Durante o debate da iniciativa, a secretária regional Adjunta da Presidência, Isabel Rodrigues, assegurou que o inquérito que o Governo açoriano abriu ao caso de São Jorge está em "fase final" e que as conclusões serão conhecidas "muito brevemente".

Todos os partidos com assento no parlamento açoriano sublinharam que não se trata neste caso de "pedir" alguma coisa ao Governo nacional, mas de lhe exigir que cumpra as "obrigações" do Estado na região autónoma.

O debate desta iniciativa acabou por levar para o plenário regional o tema da visita oficial que o primeiro-ministro fez esta semana aos Açores.

Zuraida Soares, do BE, disse esperar que a resolução que vai ser enviada para Lisboa "não caia em saco roto" e que na próxima deslocação de Passos Coelho aos Açores leve "alguma coisa de concreto às ilhas" e não o "bolso vazio" que mostrou neste "passeio de pré-campanha eleitoral".

Já Aníbal Pires, do PCP, sublinhou que Passos Coelho disse ter ficado "a nutrir um amor" pelos Açores, havendo "aqui uma esperança" de que o Estado passe a garantir o funcionamento dos seus serviços nas ilhas. (RTP)

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