Os últimos 56 militares ao serviço da Força Internacional de Segurança deixam o país esta quarta-feira. Em 2015, serão enviados apenas 10 militares, numa missão de apoio e aconselhamento às forças afegãs.
Portugal deixa, esta quarta-feira, o Afeganistão, após 12 anos de missão que movimentou 3.100 militares dos três ramos das forças armadas.
Tudo começou em 2002, quando Portugal iniciou a sua participação na ISAF, a Força Internacional de Assistência para Segurança, com militares e um c-130. Era o início de uma época que viria a marcar as forças armadas portuguesas, na qual a Força Aérea esteve desde o primeiro dia, como destaca, em entrevista à Renascença, o porta-voz do ramo, tenente-coronel Rui Roque.
"A primeira projecção de capacidades revestiu-se da integração de pessoal especializado numa equipa médico-sanitária dos três ramos das forças armadas e também do destacamento de uma aeronave de transporte C-130. A projecção de qualquer uma destas capacidades viria a ter várias repetições ao longo destes 12 anos de contributo da Força Aérea Portuguesa para a Força Internacional de Estabilização e Assistência da NATO", diz Rui Roque.
Pelo Afeganistão passaram, só da Força Aérea, 700 militares. O treino foi contínuo, a logística volumosa e a prontidão máxima foi exigida.
Três anos depois, Portugal foi chamado a liderar o grupo de comando do aeroporto de Cabul e, mais uma vez, mostrou-se disponível. "É de realçar a responsabilidade nacional pelo comando do aeroporto internacional de Cabul ,que se verificou em 2005, por um período de cerca de quatro meses, comando esse liderado pela Força Aérea. Nesse mesmo ano, foi colocado no terreno a primeira equipa de controladores aéreos avançados da Força Aérea, equipas muito especializadas que deram um contributo muito importante, fundamental para o sucesso de um elevado número de missões de apoio aéreo próximo às tropas no terreno", conta o porta-voz da Força Aérea.
As condições do país nunca foram fáceis, mas o calor e as diferenças culturais foram sendo ultrapassados. A missão foi cumprida e o rigor e empenho elogiados.
Ainda em 2005, avançava para o terreno uma força de reacção rápida, formada por uma companhia do Exército, que esteve três anos naquele teatro de guerra. Foram os primeiros a entrar em acção no conflito directo, e portanto com maior risco.
A contribuição portuguesa volta a mudar de forma em 2008, com a OMLT, uma equipa operacional e de ligação, e depois com destacamento de um c-130 para transporte aéreo no território.
No ano seguinte, entra em acção uma divisão para assessorar as forças armadas afegãs e uma aeronave de transporte em apoio ao processo eleitoral naquele país.
Já em 2010, Portugal volta a colocar no terreno uma força de reacção rápida e no final do ano é projectado um grupo e instrutores da Marinha, Força Aérea e Exército para ajudar na fase de transição. Passam a estar no terreno 192 militares, fora a OMLT de Kabul, as pessoas destacadas nos quartéis generais e o piloto de f-16.
A partir de 2011, equipas da Marinha, Exército, Força Aérea e GNR passam a estar envolvidas na formação e treino das forças armadas e da polícia do Afeganistão. Foi assim até agora e o balanço é positivo, considera Rui Roque.
"A participação nacional e a participação da Força Aérea não tiveram só a vertente de combate, mas, fundamentalmente, a vertente de apoio às populações, que é sempre algo que nos enriquece como pessoas. Teve também a capacidade de transmitir aos nossos camaradas afegãos no terreno a possibilidade de poderem gerir e formar as suas próprias capacidades e valências em termos formativos e, depois, há todo um manancial de recordações de tudo aquilo que acontece neste tipo de situações muito específicas, que serve para enriquecer as experiências pessoais e institucionais de quem passou por este teatro de operações", relata.
Os últimos 56 militares ao serviço da Força Internacional de Segurança deixam o Afeganistão esta quarta-feira. Em 2015, serão enviados apenas 10 militares numa missão de apoio e aconselhamento às forças afegãs.
Chega ao fim uma época na história das forças armadas portuguesas que deixou marcas nos mais de 3 mil militares que por ali passaram, umas mais dolorosas que outras. (RR)
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