A Embraer, dona da OGMA, quer trazer para as fábricas de Évora a produção de componentes para a nova série de aviões executivos E-Jets, a série E2. A fabricante brasileira de aviões já está em contactos com o Governo português para aproveitar os fundos comunitários do programa Portugal 2020, diz, em entrevista exclusiva ao Diário Económico, Frederico Fleury Curado, presidente-executivo do grupo Embraer.
"Já desenvolvemos os protótipos dos novos E-Jets, a série E2, em Évora e estamos a discutir com o Governo português, no âmbito do Portugal 2020, que se faça em Évora a fabricação dos aviões", explicou. Os fundos comunitários "são um dos pontos importantes para a decisão", admitiu, embora não seja o único. Já a construção das fábricas de Évora, onde "a experiência tem sido bastante positiva", foi realizada com o apoio de fundos comunitários e Frederico Fleury Curado quer replicar o modelo para trazer a nova série para Portugal, embora não revele qual o investimento previsto em Évora.
A Embraer vai agora começar a preparar as candidaturas mas, garante o presidente da empresa brasileira, "não podemos esperar até 2020. Nos próximos 12 meses gostaríamos de ter uma decisão porque precisamos de definir onde vamos fixar a produção dos componentes".
Questionado sobre se está prevista a produção de mais partes do cargueiro militar KC-390 em Portugal, nomeadamente do "cérebro" do avião, Frederico Fleury Curado revela apenas que a empresa já montou um núcleo de engenharia mas "ainda está a avaliar as oportunidades". A OGMA, onde a Embraer tem 75% do capital produz a fuselagem central do avião e há outros componentes que estão a ser fabricados em Évora.
"No caso dos KC-390 o acordo inicial de parceria entre o Brasil e Portugal diz respeito a segmentos produzidos pela OGMA. O que está a ser feito em Évora vai além do nosso compromisso. Foi decisão da Embraer fazer em Évora essa fabricação. Podíamos ter escolhido o Brasil ou outro local", frisa Frederico Fleury Curado.
No memorando de entendimento consta ainda a intenção do Governo português de comprar seis KC-390 para substituir os actuais C-130 da Força Aérea Portuguesa. A compra ainda não está fechada e o presidente-executivo da Embraer não quis adiantar detalhes sobre o estado das negociações mas a Lei da Programação Militar prevê já uma verba de 40 milhões de euros iniciais para a aquisição destas aeronaves. "É bastante natural que a aquisição venha a ocorrer, até porque faz parte dos compromissos", admite Fleury Curado. "Como fabricante vamos aguardar a necessidade do cliente, neste caso o Estado português. Não há pressão de tempo."
Apesar de Portugal ter um peso relevante na actividade industrial da Embraer - que, além do Brasil, tem fábricas nos Estados Unidos - o presidente da empresa não prevê a construção de mais unidades em Portugal. "Antes de pensarmos em novas fábricas temos de expandir a capacidade nas fábricas que temos. Esta expansão vai depender do crescimento da empresa. Tudo depende do mercado", conclui.(Económico)
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