"O objectivo é aprofundar a cooperação prática e amistosa entre os dois países, e aumentar a capacidade das nossas armadas para lidarem em conjunto com ameaças à segurança marítima", disse o porta-voz do Ministério da Defesa da China, Geng Yansheng.
Na mesma comunicação, o responsável frisou que o exercício "não tem como alvo uma terceira parte, e não está relacionado com a situação na região".
Geng não avançou uma data precisa para o início do exercício, mas jornais norte-americanos e russos avançam que deverá começar logo após as comemorações do Dia da Vitória, a 9 de Maio – o dia em que a Rússia comemora a capitulação nazi na II Guerra Mundial.
A maioria dos líderes ocidentais não estará presente em Moscovo nesse dia, devido ao clima de tensão provocado pela situação na Ucrânia, mas é esperada a presença do Presidente chinês, Xi Jinping.
No exercício, designado "Mar Conjunto 2015", vão participar nove navios, três dos quais chineses, actualmente envolvidos nas operações anti pirataria ao largo da Somália.
Apesar da pouca relevância militar do exercício, os dois países enviam um sinal ao Ocidente de que estão dispostos a aprofundar os seus laços militares, e também a responderem, cada um, aos seus próprios desafios – a Rússia a transmitir a mensagem de que mantém um poderoso aliado apesar do isolamento a que foi votada na Europa e nos EUA, e a China a sinalizar que mantém a sua estratégia de expansão das capacidades navais, criticada pelos EUA, pelo Japão e pela Coreia do Sul.
"A Rússia quer mostrar aos EUA que não está isolada e que consegue realizar exercícios nas proximidades da Europa de Leste. E, em resultado da visita do primeiro-ministro do Japão aos EUA e do reforço da relação militar entre os dois países, o Presidente chinês quer mostrar aos EUA que tem boas relações com a Rússia", resumiu Shi Yinhong, professor de Relações Internacionais na Universidade Renmin, em Pequim, ouvido pelo The New York Times.
Para este especialista, o sinal é claro: "A frota chinesa nunca realizou um exercício no Mediterrâneo e, para além disso, vai fazê-lo com a Rússia. Os dos países querem mostrar que subiram um nível na sua parceria estratégica."
Apesar de nunca ter realizado exercícios militares no Mediterrâneo, a China enviou navios para a região nos últimos anos – em 2011 para resgatar dezenas de milhares de chineses da Líbia após a queda do regime de Muammar Kadhafi; e em 2013 e 2014 para participar na retirada do arsenal químico do Governo de Bashar al-Assad, na Síria.
Por essa razão, James Hardy, editor da revista Jane's Defense Weekly para a região da Ásia-Pacífico, disse ao The New York Times que "não é inédito" ver navios chineses no Mediterrâneo, apesar de "a importância geopolítica de um exercício com a Rússia não escapar aos EUA e à NATO".
Apesar de poder franzir alguns sobrolhos nos EUA e na União Europeia, o exercício conjunto entre a Rússia e a China deve ser tratado com normalidade, defende Hardy: "Seria rude se alguém no Ocidente se queixasse, dada a quantidade de exercícios militares conjuntos que os EUA e os seus aliados realizam nos mares próximos da China". (Público)
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