O Conselho Português de Protecção Civil diz que as políticas "religiosamente" seguidas pelo governo e pela Autoridade Nacional de Protecção Civil em matéria de tremores de terra são inúteis e “em caso de sismo de forte magnitude determinarão a probabilidade de maior número de vítimas”.
O presidente da organização não governamental, João Saraiva, disse ao jornal i que “falta um sistema de aviso” da população e “formação para que esta saiba como agir de imediato”. “Hoje em dia é possível prever fenómenos como sismos ou tsunamis e o Instituto Hidrográfico está muito bem equipado. No entanto, não tem como fazer chegar essa informação às pessoas, por exemplo, às três da manhã, quando a maioria está a dormir”.
João Saraiva garante que o Conselho Português de Protecção Civil (CPPC) já manifestou a sua preocupação junto dos serviços municipais de protecção civil, juntos dos grupos parlamentares e junto do governo, nomeadamente do Ministério da Administração Interna. “Face aos atritos com o ministro Miguel Macedo [agora ex-ministro], deixámos de ter resposta”. E “a senhora ministra Anabela Rodrigues ainda não compreendeu a bem a função de ministro da Administração Interna e é completamente inócua em matéria de protecção civil”, considerou o responsável.
A Autoridade Nacional de Protecção Civil propôs ao governo um sistema de alerta de sismos à população via SMS em 2010. A proposta nunca saiu do papel devia ao seu elevado custo, 27 milhões de euros.
Um ano mais tarde, e, na altura, desconhecendo o documento do organismo oficial, o CPPC apresentou uma proposta a custo zero, aproveitando já a tecnologia 3.5G. “O custo residual restante, cerca de 7 milhões de euros -, explica João Saraiva – seria dissipado pelas seguradoras, as principais interessadas e que actualmente já são quem patrocina a prevenção”.
Atenção: vem aí um tsunami
A probabilidade de haver um tsunami depois de um sismo “é elevada” a partir de um tremor de terra de magnitude 6 na escala de Richter, explica o presidente do CPPC. Ainda assim, é preciso que o epicentro ocorra no litoral e não em Coimbra, por exemplo.
O sismo registado ontem teve uma magnitude de 3.2 na escala de Richter e o epicentro a alguns quilómetros de Rio de Mouro. Foi sentido em Sintra, Cascais, Oeiras e Mafra e, apesar de ter feito soar alguns alarmes, o máximo que provocou foi alguns sustos.
Portugal tem um longo historial de sismos. E, embora a média seja de baixa intensidade (abaixo dos 5), ainda a 17 de Dezembro de 2009 houve um tremor de terra de magnitude 6.1 na escala de Richter, com epicentro no mar, a 264 km de Lisboa.
E houve outros mais fracos em 2008 (sul de Óbidos – 3.5; sul de Faro – 4.2) e mais fortes: em 1998, no Faial, Pico e São Jorge, oito pessoas morreram e 1700 ficaram desalojadas. E podíamos continuar e recuar até ao terramoto de 1755, que destruiu quase completamente a cidade de Lisboa e uma boa parte do litoral do Algarve e de Setúbal. O sismo foi seguido de um maremoto e de diversos incêndios e terá atingido uma magnitude de 8.7/9 na escala de Richter.
Contactado pelo jornal i, o Ministério da Administração Interna “lamenta que, mais uma vez, uma ‘entidade’ sem qualquer responsabilidade no sistema de protecção civil emita comentários totalmente desfasados da realidade, a propósito de matérias de extrema importância”.
“Ainda esta semana a Comissão Nacional de Protecção Civil discutiu matérias relativas à prevenção do risco de sismo e tsunami, estando totalmente disponível para esclarecer todo o trabalho que tem sido feito nesse âmbito”, acrescentou. Fonte I
Sem comentários:
Enviar um comentário
Mensagens consideradas difamatórias ou que não se coadunem com os objectivos do blogue Defesa Nacional serão removidas.