1 de outubro de 2015

Milhares de pessoas assistiram à recriação da Batalha do Bussaco

As portas de Sula serviram ontem de cenário à reprodução histórica da Batalha do Bussaco, por cerca de 150 recriadores de várias associações napoleónicas da Europa. Uma verdadeira aula de história, que levou uma imensidão de pessoas ao local onde tudo aconteceu. Um recuo de 205 anos no tempo, com os recriadores – fardados a rigor e com armamento da época – a reproduzirem, da forma mais fiel possível, um dos mais violentos confrontos das Invasões Francesas, entre as forças de Massena e as tropas portuguesas e inglesas, lideradas pelo general Arthur Wellesley, duque de Wellington. A recriação histórica decorreu depois das habituais cerimónias militares e protocolares do Exército Português, presididas pelo vice-chefe de Estado-maior do Exército, o tenente-general Pereira Agostinho.

Dia 27 de Setembro de 1810. No topo da serra do Bussaco, as forças portuguesas e inglesas, sob o comando do general Arthur Wellesley, duque de Wellington, aguardavam o ataque das tropas francesas, lideradas por Massena. O exército napoleónico, em maior número, subia a encosta da serra e procurava, a todo o custo, ganhar posição. Wellington sabia que o exército de Massena teria de ser travado ali e sabia ainda que tinha um contingente reduzido. Esperou, pacientemente, até o inimigo estar muito perto, e atacou. As tropas luso-britânicas, com o apoio do povo, conseguiram travar o exército francês e gritaram “Vitória”!

Ontem, também foi assim nas Portas de Sula. O rigor dos recriadores, o som dos canhões e dos mosquetes e o cheiro a pólvora transportaram o público presente para o dia 27 de Setembro de 1810. “Fogo à peça”, ouvia-se, seguido do estrondo ensurdecedor do canhão a disparar. Tudo parecia real. A diferença é que não eram 110 mil combatentes, eram 150 recriadores, não houve mortos e feridos, e o povo não participou da batalha, foi sim convidado a assistir e a aplaudir. “Fazemos uma investigação profunda, o rigor histórico é essencial”, explicou o presidente da Associação Napoleónica Portuguesa, o coronel Faria e Silva, acrescentando: “fazemos isto por gosto, é uma homenagem que fazemos aos nossos combatentes”.

“Hoje estamos aqui a recordar a nossa história, a homenagear os nossos combatentes”, concordou o presidente da Câmara da Mealhada, Rui Marqueiro, que ontem falou em nome dos seus congéneres de Penacova e Mortágua, uma vez que todo o programa das comemorações dos 205 anos da Batalha do Bussaco foi organizado pelos três municípios e pela Fundação Mata do Buçaco. “É a primeira vez que este projeto é desenvolvido pelos três municípios e, como podem constatar, está a ser um sucesso”, prosseguiu Rui Marqueiro, afirmando mesmo que as equipas dos três municípios que organizaram estas comemorações “vão começar já amanhã a preparar a próxima edição”.

“Tivemos sorte com o dia magnífico, com todo este sol, mas ficou provado que as pessoas aderem a estas iniciativas. A recriação histórica foi um sucesso e é para continuar”, garantiu o presidente da Câmara da Mealhada, realçando ainda a importância turística do evento. “O evento movimenta pessoas. Claro que este sucesso se deve também a esta parceria, porque para além dos mealhadenses, vêm também as populações de Penacova e Mortágua e muitos outras pessoas de vários locais do país”, acrescentou, concluindo que este evento foi o primeiro passo de uma estratégia conjunta de valorização do produto Batalha do Bussaco, para a promoção do turismo histórico e cultural destes três municípios.

As habituais cerimónias militares e protocolares do Exército Português aconteceram antes da recriação, logo de manhã, pelas 9h. As cerimónias foram presididas pelo vice-chefe de Estado-maior do Exército, o tenente-general Pereira Agostinho e contaram com um programa semelhante ao dos anos anteriores: o hastear das bandeiras nacionais de Portugal, Reino Unido e França; o cortejo histórico, militar e religioso; a missa campal, a cerimónia de homenagem aos mortos, com a deposição de uma coroa de flores junto ao monumento do Obelisco; uma palestra alusiva à Batalha do Bussaco; e o regresso do cortejo histórico, militar e religioso e a retirada da Unidade Escalão Companhia. As cerimónias contaram com a presença especial da Embaixadora do Reino Unido em Portugal, Kirsty Hayes.


Combate nocturno foi “um preâmbulo” das recriações da Batalha do Bussaco

Um dia antes, no sábado, 26 de Setembro, a vila do Luso foi o palco das iniciativas do programa de comemorações dos 205 anos da Batalha do Bussaco. Uma multidão rumou à vila termal para assistir ao desfile das tropas, ao combate nocturno e ao concerto da Orquestra Ligeira do Exército.

Depois da desfilada pelas ruas do Luso, os recriadores juntaram-se no topo da Avenida Emídio Navarro e realizaram um combate nocturno, que serviu de aperitivo à recriação do dia seguinte. “É um preâmbulo da recriação histórica da batalha. Uma pequena escaramuça entre as tropas avançadas francesas e as tropas aliadas”, explicou o presidente da Associação Napoleónica Portuguesa, o coronel Faria e Silva.

Os estrondosos tiros de canhão, os disparos de espingarda, o fumo e o inconfundível cheiro a pólvora seca deixaram antever o que aconteceu no dia seguinte, nas Portas de Sula. Foi uma pequena demonstração da batalha, que recebeu os maiores aplausos do público presente.

Depois do aperitivo servido, as comemorações prosseguiram com um concerto da Orquestra Ligeira do Exército na Alameda do Casino, que pareceu ser um espaço pequeno demais para a multidão presente. A orquestra animou os espectadores durante mais de hora e meia, num concerto ecléctico, que trouxe temas antigos e actuais dos mais diferentes géneros musicais, passando pelo pop, jazz e bossa nova.

O programa comemorativo dos 205 anos da Batalha do Bussaco foi organizado pelas câmaras municipais da Mealhada, Mortágua e Penacova, bem como pela Fundação Mata do Buçaco, e contou com o apoio do Exército Português, da Associação Napoleónica Portuguesa, da Fundação Luso, da Extramotion, da Associação de Aposentados da Bairrada e do Grupo de Recriação Histórica de Almeida. (Local.Pt)

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