9 de fevereiro de 2016

NATO alerta para acção russa e quer evitar "nova Guerra Fria"

"Não há contradição entre uma Defesa forte e o diálogo político. Acredito no oposto - desde que sejamos firmes, previsíveis e fortes, podemos encetar o diálogo político com a Rússia. Não procuramos a confrontação com a Rússia, não queremos uma nova Guerra Fria, queremos precisamente evitá-la", disse o norueguês Jens Stoltenberg, em Bruxelas, na antecipação da cimeira de ministros da Defesa da NATO.

Segundo aquele responsável, a atitude da NATO "é proporcional e defensiva", pretendendo "uma relação mais construtiva e cooperante com a Rússia", com a manutenção de "reuniões e contactos a vários níveis até para evitar incidentes e acidentes como a queda do avião russo que violou espaço aéreo turco recentemente". Stoltenberg admitiu para breve novo encontro do Conselho NATO-Rússia.

"Estamos a ponderar activamente o pedido dos Estados Unidos de aviões AWACS (os Boeing E-3 com radares para detectar aeronaves e mísseis inimigos a baixa altitude) para apoiar as capacidades de cada país. Espero que possamos tratar disto na reunião ministerial", adiantou, acrescentando reforços previstos no policiamento aéreo e presença naval no Báltico.

Segundo Stoltenberg, apesar de todos os países membros da NATO fazerem parte da coligação anti grupo extremista Estado Islâmico (EI), "a NATO, como aliança, não faz parte".

"Providenciamos apoios porque aumentamos a capacidade numa dada região, por exemplo na Jordânia. Trata-se de dar capacidade aos locais para poderem combater o ISIL (EI) e o terrorismo, uma melhor solução do que empregar forças exteriores à região", defendeu, citando exemplos de formação e treino pela NATO de militares iraquianos ou afegãos, "soluções mais sustentáveis".

Relativamente à situação na Síria, "a NATO apoia fortemente todos os esforços para acabar com o sofrimento, alcançar um cessar-fogo e começar uma transição política".

"Os intensos ataques aéreos russos, maioritariamente contra forças da oposição, estão a minar os esforços para encontrar uma solução política. É uma grande preocupação. Temos visto o sofrimento horrível, todas as mortes, a violência, ao longo de anos e isto tem de acabar. É preciso um cessar-fogo", afirmou o secretário-geral da NATO, lembrando a resolução de Dezembro da Conselho de Segurança das Nações Unidas, apelando ao fim do ataque a alvos civis, os quais, considerou, "têm impedido que as partes se reúnam à volta da mesa para uma solução pacífica".

Stoltenberg, além de se ter referido às movimentações russas que beneficiarão o regime de Bashar al-Assad, na Síria, não deixou ainda de criticar a "vontade de exercer, mas também de usar força militar sobre os vizinhos e de mudar fronteiras na Europa" por parte de Moscovo, recordando os casos da Ucrânia e da Geórgia.

O ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, vai participar também nas reuniões de quarta e quinta-feira, em Bruxelas. Na ocasião, a pedido do secretário de Estado da Defesa norte-americano, Ash Carter, vai realizar igualmente o primeiro encontro formal dos países que formam a coligação que combate o EI. (NM)

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