9 de outubro de 2019

Militares Portugueses envolvidos em confronto armado na República Centro-Africana

(Emgfa)No período de 23 a 30 de Setembro, a companhia portuguesa, que é a Força de Reacção Imediata (Quick Reaction Force – QRF) da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA), no cumprimento de ordens emanadas pelo Comando daquela operação de “capacetes azuis”, foi projectada para a povoação de Bocaranga, na região Noroeste da República Centro-Africana, com a finalidade de proteger a população contra a postura ofensiva de um dos grupos armados existentes na RCA. Este, em manifesto incumprimento com o estipulado nos Acordos de Paz assinados em Fevereiro deste ano, em Bangui, entre o Governo da República Centro- Africana e os grupos armados, hostilizava a população e operava fora da Região de Koui (cerca de 25 quilómetros a oeste de Bocaranga), à qual deveria estar circunscrito.

A projecção da força portuguesa fez-se com um destacamento avançado por via aérea e o grosso da força por via terrestre.

A projecção por via terrestre implicou um movimento de cerca de 600 Km que, por força das condições meteorológicas e do terreno, se traduziu num deslocamento de três dias.

A passagem em itinerários estreitos, sobre sucessivos cursos de água em que as pontes são improvisadas e frágeis face à tipologia de viaturas da força, como são o caso das Viaturas Blindadas Pandur 8x8, exigiu das guarnições um cuidado redobrado e muitas vezes terem de lidar com imprevistos de vária ordem.

À chegada da força portuguesa a Yade (cerca de 20 quilómetros a sudoeste de Bocaranga), no dia 26 de Setembro, foi observado pelos meios aéreos (helicópteros e os novos Veículos Aéreos Não Tripulados “Raven” do Exército Português) a fuga precipitada de vários elementos, pertencentes ao grupo armado opositor.

Num dos movimentos subsequentes da força portuguesa para garantir a segurança das populações numa área mais alargada, uma das colunas da força foi emboscada. É observável pelas imagens o momento em que um engenho explosivo é deflagrado (coluna de fumo) à frente da viatura testa, acompanhado de fogo de armas ligeiras sobre a coluna. Verifica-se que esta aumenta a velocidade para sair da zona perigosa, ao mesmo tempo que responde ao fogo com as suas armas de bordo, em estreita coordenação com a aeronave que se mantinha em sobreapoio.

Na resposta à emboscada, a força portuguesa empenhou a viatura Pandur com arma controlada remotamente (Remote Weapon System), a qual permite realizar fogo com muita precisão, evitando danos colaterais.

No evoluir da operação, a força deslocou-se à região onde tinha sido identificado positivamente pelos meios aéreos a presença de elementos do grupo armado. Nessa região, parte da Força apeou – em condições de contacto iminente – com a finalidade de garantir que o local se encontrava seguro e que não havia a presença, não autorizada, de elementos do grupo armado.

É observável que o grupo armado, numa manobra de detecção, usa material do UNHCR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).

Nos trabalhos subsequentes de recolha de indícios, foram identificados uniformes militares com a identificação objectiva do grupo armado, equipamentos de comunicações e estupefacientes.

A operação contou sempre com o apoio aéreo dos meios da MINUSCA que tinham também a bordo militares portugueses.

Durante a emboscada, algumas viaturas portuguesas foram atingidas. Nas imagens é observável uma viatura do tipo HMMWV (High Mobility Multipurpose Wheeled Vehicle) que conseguindo mover-se por meios próprios, apresenta o lado esquerdo flagelado por rebentamento de um engenho explosivo.

Este tipo de operações é realizado empenhando toda a tipologia de viaturas blindadas, incluindo, como observado nas imagens, a Viatura Blindada Pandur de Recuperação e viaturas blindadas ambulância do tipo Pandur e HMMWV.

Esta é a 6ª Força Nacional Destacada neste teatro de operações, sendo o actual contingente composto por 180 militares, maioritariamente tropas especiais Paraquedistas do Exército Português, integrando ainda militares de outras unidades do Exército e Controladores Aéreos Avançados da Força Aérea.

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