"Ia no Humvee que foi atingido por um RPG". Mário responde com um sorriso que rasga o rosto jovem pintalgado em tons de verde. Foi numa missão no Afeganistão, no ano passado, e o sniper estava na altura integrado na companhia portuguesa destacada naquele país.
"Só não houve nada de grave por acaso", aponta ao JN, mas o militar volta a responder com um sorriso e um "pois", sem manifestar a razão de ser do "acaso". Muito simplesmente, o rocket foi disparado pelo taliban a uma distância demasiado curta, não armou e acabou por perfurar o blindado, mas sem explodir, o que salvou a vida aos cinco portugueses que iam no seu interior.
Mário sabe disso, mas sabe muito mais, bem mais, ele como os outros militares que compõem o Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), com casa no quartel de Lamego, o que os transforma eles próprios em alvos valiosos.
Cada homem recebe primeiro uma formação geral, após o que passa para a especialização, que pode ser em transmissões, sniper, ou outra, dependendo das necessidades.
Mas, no final da formação, cada homem tem capacidade de sobreviver sozinho em território hostil, uma fórmula que "reside bem mais no equilíbrio psicológico" do que numa qualquer condição de "rambo", como sustenta o coronel Veloso, comandante desta unidade do Exército.
A parte física não é descurada, mas toda a actividade da unidade e da preparação das forças passa muito pelo trabalho de conjunto e a criação das equipas, a estrutura base para as operações. E muita desta preparação passa por treinos intensivos, numa repetição exaustiva de cenários, com alteração de pormenores, e muito fogo real.
Mário, o jovem sniper, tinha acabado de participar num destes exercícios, que congregara os vários componentes do CTOE. Armado com uma espingarda de precisão Barrett, de calibre .50, o chamado sniper pesado, o soldado divisava uma simples fechadura. Na casa, havia um refém para salvar e a progressão da equipa foi acompanhada pela protecção do fogo de metralhadoras. Mário apontou, disparou e o terceiro tiro fez saltar a fechadura, abrindo a porta. Lançando granadas de fumo, a equipa entrou na habitação e o refém foi rapidamente salvo.
Mais um treino concluído e agora já com o olhar virado para um novo cenário, este bem real: o Afeganistão. (JN)
Grandes homens estes que se formam em LAMEGO. Também eu um dia tive a honra de gritar RAGNGER IIIIIIIIIÀÀÀÀÀÀÀÀÀÀÀÀ nas paradas por onde passei, Um abraço camaradas.
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