Só os submarinos permitem projectar forças navais ou outras em segurança. Criada em 1995, por iniciativa de oficiais que prestaram serviço na Armada, entre 1958 e 1992, a Associação dos Oficiais da Reserva Naval (AORN) celebrou mais um aniversário, no passado dia 17, na Escola Naval (EN).
Foi esta a unidade por onde passaram todos os cerca de três mil oficiais RN, que cumpriram serviço militar na Armada.Apresentados os cumprimentos ao Comandante da EN e feita a fotografia do grupo, foi celebrada missa pelos Camaradas já falecidos, seguindo-se uma reunião no auditório, durante a qual, além da apresentação das linhas gerais de actuação da AORN para os próximos anos, se ouviu falar do momento actual na EN e na Armada.
Lembrando o lema da AORN, “E bem serviram sem cuidar recompensa”, o presidente da Direcção, Cte Joaquim Moreira, lembrou o trabalho das anteriores direcções, apresentando os projectos para o futuro. Estes passam pela mudança da sede administrativa para o Museu da Marinha, onde também será criada uma secção dedicada à Reserva Naval. Serão ainda celebrados protocolos com a Revista da Armada, Hospital da Marinha, Messe de Cascais e Clube Militar Naval.
O trabalho da actual Direcção passará também por alterar os estatutos, no sentido de passarem a poder integrar a AORN os actuais oficiais contratados pela Armada, que, de alguma forma dão continuidade à Reserva Naval.Joaquim Moreira lembrou ainda o trabalho feito pelo Professor Ernâni Lopes, no respeitante à necessidade de avançar com os estudos e iniciativas que permitam retirar do mar português todas as potencialidades.
ESCOLA NAVAL COM 266 ALUNOS
Pela voz do Almirante Fragoso, Comandante da Escola Naval, ficou-se a saber que frequentam a EN 266 alunos, sendo 18 de países da CPLP. Mais referiu que neste ano foram 700 os candidatos ao preenchimento das vagas existentes na Escola.A EN foi criada por D. Maria I, em 1782, como Academia Real dos Guardas Marinhas, tendo acompanhado a corte para o Brasil, dando, assim, origem à Escola Naval do Brasil.A Escola Naval foi a segunda escola de ensino superior criada em Portugal.
SUBMARINOS GARANTEM INDEPENDÊNCIA NACIONAL
Numa altura em que se continua a questionar na imprensa a necessidade de Portugal possuir uma flotilha de submarinos, os cerca de duzentos elementos da AORN e familiares presentes neste encontro puderam escutar dos responsáveis máximos da Marinha as razões pelas quais a Armada entende que esta arma é fundamental para o país.
Antes disso, e em jeito de introdução para se compreender o papel da Marinha e a necessidade de este ramo das Forças Armadas estar bem dotado e equipado, foi feita uma explanação sobre o tema pelo Capitão de mar-e-guerra, Brás da Silva. Este responsável pelo planeamento na Armada, lembrou os aspectos políticos e de defesa a ter em conta, pelo espaço marítimo da responsabilidade de Portugal e as relações com outros países e instituições, tais como a NATO e a EU.
Referiu-se também à importância económica, pelos recursos marítimos de que Portugal desfruta. E falou também dos laços culturais com outros países lusófonos e outros, onde existem grandes comunidades de emigrantes portugueses, na ordem dos cinco milhões de almas. Portugal é o 11º país com maior área de jurisdição marítima em todo o mundo, num total de 1,7 milhões de quilómetros quadrados. 53% do comércio da UE passa pelas nossas águas territoriais e 100% do petróleo que consumimos vem por via marítima.
A perguntas dos participantes, interveio o Almirante Baguinho, representante do CEMA, para afirmar que a “exploração da nossa plataforma marítima exige segurança dos navios em toda a zona. E só os submarinos permitem projectar forças navais ou outras em segurança.”A exploração da plataforma submarina poderá atingir as 350 milhas. Primeiro é necessário saber o que lá existe. Mas isso só será possível com segurança e isso implica a existência de submarinos, que protejam a força naval.
“A vigilância à superfície implica segurança submarina”, disse o mesmo responsável.Não é por causa da pirataria, do combate à droga ou à imigração ilegal, mas sim, porque a plataforma portuguesa e a sua defesa assim obriga. O referido Almirante adiantou ainda outras razões, destacando-se o facto, que registou, de nunca algum país ter oferecido um submarino a outro, e o de que quando um submarino desaparece do controle das forças navais em presença, aumenta de forma extraordinária a preocupação com a segurança dessas forças.
Ele desaparece e pode aparecer onde menos se espera, com consequências imprevisíveis. Em todo o mundo apenas 38 países possuem submarinos, mas há alguns a quererem adquiri-los.A Marinha possui diversos meios navais de superfície, tais como fragatas, corvetas e navios patrulhas e de fiscalização, estando em curso a aquisição de algumas unidades modernas, para substituir outras com demasiados anos de uso.
Cerca de 14 unidades estão em missão diariamente, mas podem chegar às 18, envolvendo uma média de 750 militares. Uma força naval pode actuar no prazo máximo de 48 horas.Foi também destacado o papel dos navios hidrográficos com vista ao estudo da plataforma marítima e dos recursos existentes, com vista ao seu alargamento. Esta festa de aniversário da AORN terminou com a visita ao NRP Corte Real, acostada na Base Naval do Alfeite.(Notícias Vila Real)
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