O livro, com quase 600 páginas, é lançado quarta-feira, na Academia Militar, em Lisboa, pela Publicações D. Quixote.
No prefácio, o professor universitário Adriano Moreira recorda que «foi o elo militar o definitivamente atingido pela fadiga, e a decisão, do centro do poder que deslizou para as bases, foi a de colocar um ponto final na guerra, logo com o apoio ao regime político mas inevitavelmente com o efeito colateral de colocar um ponto final no conceito estratégico secular»
Para Brandão Ferreira, não é surpreendente que, três décadas depois de terminada a guerra colonial (1961-1975), «a nossa sociedade se encontre completamente dividida em relação àquilo que se passou e à verdadeira interpretação a dar aos complexos acontecimentos então vividos».
No entender do autor, impõe-se «conseguir um conjunto elaborado de conhecimento que permita que a nação portuguesa caminhe para um futuro assente em bases sólidas e verdadeiras e não sobre falsos postulados».
O tenente-coronel piloto-aviador Brandão Ferreira, 56 anos, é um militar de transição entre dois regimes políticos. Estava ainda na Academia Militar quando ocorreu o 25 de Abril de 1974 e seguiu depois para os Estados Unidos.
Esteve 27 anos na Força Aérea e foi adido de Defesa na Guiné-Bissau, Senegal e Guiné-Conacri. Nunca combateu na guerra colonial mas os valores que professa no livro (Pátria, um Portugal do Minho a Timor) são os dessa época.
Os seus princípios parecem inabaláveis: «Por aquilo que é secundário, negoceia-se; pelo que é importante, combate-se; pelo que é fundamental, morre-se»
No seu entender, com a descolonização, os portugueses perderam «liberdade estratégica» e ficaram «enfraquecidos e divididos como comunidade».
Apesar de declarar que não pretende impor «uma linha de pensamento único» mas sim reflectir sobre o tema, Brandão Ferreira opina que «Portugal fez uma guerra justa e, além disso, tinha toda a razão do seu lado».
Admite, contudo, que «a guerra é sobretudo uma luta de vontades»
O militar culpa Marcelo Caetano («uma pessoa de bem», com «grandes qualidades intelectuais») de nada ter feito «para contrariar eficazmente» aqueles que então começaram a defender a independência das ex-colónias.
No livro, Brandão Ferreira rejeita que a guerra fosse insustentável, nomeadamente devido ao número de baixas portuguesas: «A verdade é que, por ano, morria mais gente nas estradas de Portugal Continental do que nas três frentes de luta em África», sustenta.
«Será mais digno combater no Afeganistão que no Estado português da Índia? No Líbano que em Angola? Na Bósnia que na Guiné-Bissau? No Kosovo, que em Moçambique? São estes os novos ventos da história?», pergunta. (Iol)
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