17 de novembro de 2009

Comando da GNR desconhece vontade de ressuscitar BT

O ministro da Administração Interna diz que vai reavaliar o trabalho da Unidade Nacional de Trânsito e tomar medidas. Os sindicatos confirmam e sugerem um comando único, mas oficialmente o Comando Geral não sabe de nada.
O Comando Geral da GNR desconhece, para já, qual é a ideia do ministro da Administração Interna, Rui Pereira, em relação à Unidade Nacional de Trânsito (UNT) e aos militares que, saídos da extinta BT, continuam afectos ao trânsito, mas sob comando dos destacamentos da GNR.

O ministro da Administração Interna anunciou, domingo, estar a fazer um balanço da actividade da UNT e da fiscalização ao trânsito. E admitiu mudanças. "Não prestamos qualquer declaração. De nada sabemos", disse ontem ao DN o porta-voz do Comando Geral, Tenente-coronel Costa Lima.

Uma outra fonte do Comando adiantou ao DN que, desde a entrada em vigor da nova lei orgânica, - que extinguiu a BT e colocou mais de dois mil militares ao serviço do trânsito sobre o comando das Unidades Territoriais - há apenas quatro militares, (um oficial, dois sargentos e uma praça) na Direcção de Operações do Comando da GNR a tratar todos os relatórios vindos dos destacamentos de Norte a Sul do País. "Não temos mãos a medir", disse.

É que a também criada UNT não tem competências de comando. A esta unidade cabe a fiscalização de trânsito, a uniformização de procedimentos e a formação dos agentes. Mas a nova lei orgânica atribuiu para essas funções cerca de 160 militares, sediados em Lisboa e no Porto. E não chegam.

"Não comentarei a decisão superior que levou à atribuição deste efectivo. Mas acho que ele é insignificante. Bem sei que esta missão é repartida por todas as Unidades Territoriais, mas só será conseguido se existir uma Unidade capaz de projectar meios", disse o comandante da Unidade Nacional de Trânsito, tenente-coronel Oliveira, na cerimónia do primeiro aniversário.
O dirigente da Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda, ASPIG, José Alho, diz que a solução está na "criação de um comando único". Associação foi recebida na passada semana pelo ministro Rui Pereira. "Ele disse que a experiência da extinção da Brigada de Trânsito não correu bem", disse José Alho ao DN.

Actualmente, os militares da extinta BT, como é o caso do próprio José Alho, trabalham sob o mesmo comando dos colegas que fazem outros serviços de patrulha. "Não tivemos mais formação, não temos gabinetes de estudo para actualizar os elementos, não se pode sobreviver assim", defendeu. Para agravar, critica, os comandos não foram dotados de orçamento para fazer face às dificuldades sentidas no trânsito. "Fazemos milhares de quilómetros, as viaturas estão obsoletas", adiantou.

A ser criado um comando único na já criada UNT, passa-se a trabalhar nos mesmos moldes que a então denominada BT. Só muda o nome. Apesar de o ministro negar querer ressuscitar a Brigada de Trânsito.

Já José Manageiro, presidente da Associação Profissional da Guarda, também foi recebido pelo ministro. Mas diz ao DN que essa solução não lhe foi, sequer, referida. Para José Manageiro há situações mais graves geradas pela nova lei e que merecem especial atenção: "a criação de inúmeros postos burocráticos, quando a reestruturação foi pensada para ter mais militares na rua". (DN)

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