25 de janeiro de 2010

Exército tem metade das 'Pandur' a título provisório

Ao fim de dois anos a aceitar viaturas blindadas de oito rodas, o ramo recusa receber mais enquanto não se repararem os erros.

O Exército recebeu metade das 240 viaturas blindadas Pandur de oito rodas nos últimos dois anos, mas nenhuma "a título definitivo", revelaram várias fontes ao DN.

A situação foi confirmada também pelo Exército: "Temos 120 [Pandur 8x8] aceites provisoriamente", pois "faltam executar alguns pequenos trabalhos da responsabilidade do fornecedor." Assim, "a recepção definitiva" das viaturas "far-se-á previsivelmente em 2013".

Segundo as mesmas fontes, a situação foi considerada insustentável pelo general que chefia a Missão de Acompanhamento e Fiscalização das Pandur - ao ponto de "recusar a receber novas viaturas enquanto as já entregues não estiverem em condições".

O caso tem gerado estranheza entre fontes ouvidas pelo DN, dado o número de viaturas já rece-bidas, o tempo decorrido ou, ainda, o ter havido uma cerimónia formal e pública de recepção das Pandur presidida pelo ex-ministro Nuno Severiano Teixeira.

Uma dessas fontes declarou mesmo que essa "é a razão" pela qual as Pandur ainda não foram enviadas para missões no exterior - pois isso "implicava automaticamente a sua aceitação como definitiva" e o assumir dos custos pela manutenção das viaturas (que pertence fornecedor enquanto a actual situação se mantiver).

No caso das viaturas anfíbias, a Marinha não recebeu quatro que lhe deveriam ter sido entregues em Dezembro (uma das quais esteve em testes no início desse mês, segundo o site forumdefesa.com).

O Exército informou também que 59 das 120 Pandur recebidas desde finais de 2007 "encontram-se no Depósito-Geral de Material do Exército" (Alcochete), para serem reparadas.

Pormenor curioso da nota - indiciador das tensões existentes entre os vários actores do programa - reside em dizer que as reparações estarão a cargo da austríaca Steyr (empresa-mãe das Pandur, adquirida pela norte-americana General Dynamics) "nas instalações da Fabrequipa" (a empresa do Barreiro que constrói a quase totalidade das 260 Pandur).

O presidente da Fabrequipa, Francisco Pita, escusou-se a falar sobre o caso. Mas confirmou que nem o Exército nem o Ministério da Defesa "falam" com a empresa - "só aceitam falar com a Steyr".

Esta situação juntou-se a outras que têm inquinado o programa. Como o despedimento, por parte da General Dynamics, dos responsáveis da Steyr pelas Pandur 8x8 - "incluindo o director-geral, em Dezembro" - e a existência, nas instalações da Fabrequipa, de uma viatura lança-mísseis parada há um ano por desentendimentos quanto às soluções a adoptar.

Este caso levou algumas fontes a admitir parte da responsabilidade do Exército no atraso do programa, pelas alterações propos-tas ao longo do tempo. A versão de Engenharia (com guincho atrás) é um exemplo, a ponto de as mudanças requeridas - alegadamente porque os engenheiros militares não foram ouvidos inicialmente - serem de tal ordem que levaram a Steyr a exigir cerca de um milhão de euros para estudar a sua implementação.(DN)

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