25 de janeiro de 2010

Comandos vão disponíveis para todas as missões no Afeganistão

Portugueses terão base em Cabul, onde podem enfrentar desde emboscadas a ataques suicidas

É uma missão de alto risco, com forte possibilidade de baixas, aquela que os portugueses vão desempenhar no Afeganistão. Mas o moral é elevado e o treino constante, até à partida, num movimento que começará amanhã e só termina a 22 de Fevereiro.

É um regresso dos comandos ao teatro de operações do Afeganistão, num retomar da primeira missão, entre 2005 e 2008, mas agora num cenário bem mais perigoso. Cabul vai ser, mais uma vez, a base de operações e a força portuguesa, com um total de 163 homens, continua a poder ser empregue em todo o território afegão e em qualquer missão, enquanto reserva de intervenção do comando local da força multinacional da OTAN (ISAF).

Mas, em relação ao cenário anterior, a capital afegã está mais mediatizada, face ao decréscimo da importância noticiosa do Iraque, o que significa mais pressão atacante dos talibans - como tem acontecido -, que agem sempre levando em linha de conta o factor publicidade. "Estamos preparados para enfrentar os vários riscos, mas um deles advém sempre de o inimigo saber quem eu sou mas eu não sei quem ele é. Os talibans não usam farda e confundem-se intencionalmente com os civis", sintetiza, ao JN, o comandante do Centro de Tropas Comando (CTC), na Carregueira, Queluz, coronel Jorge Graça, onde foi levantada e instruída a força de 163 homens que constitui a Força Nacional Destacada (FND) para o Afeganistão.

O novo cenário implica também uma maior variedade de riscos, onde avultam os ataques suicidas, como admitiram vários militares ao JN durante a visita realizada ao CTC. Na missão anterior, os comandos operaram quase só em zonas rurais, mas o aumento da actividade terrorista em Cabul pressupõe um maior empenho das forças portuguesas na área urbana da capital afegã, à ordem do comando local da ISAF, onde têm sido frequentes os ataques suicidas.

Os comandos vão também enfrentar a zona rural da província de Cabul, e, aí, as ameaças são já mais conhecidas dos portugueses, ganhando a forma de ataques à bomba, accionadas por comando à distância (Improved Explosive Device - IED), ou a flagelação com RPG, os lança-granadas foguetes. "É uma missão claramente complexa e difícil e os riscos são, como é natural, elevados, mas previstos", salienta o comandante da FND, tenente-coronel comando Ulisses Alves.

Foi, aliás, a explosão de um IED que em Novembro de 2005 matou o sargento-comando Roma Pereira, perto da capital afegã, uma das duas baixas que a missão anterior sofreu. Contra esta ameaça, os blindados HUMVEE vão dotados com os inibidores de frequência, para barrar as emissões rádio ou por telemóvel que accionam a bomba.

Mas o maior incremento na FND diz respeito à escolta de colunas que transportam os VIP, um dos treinos a que o JN assistiu. "Requer um especial cuidado, uma vez que um VIP é sempre um chamado alvo remunerador para um terrorista", apontou Ulisses Alves. E neste cenário todas as acções são previsíveis, daí a especial preocupação. (JN)

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