2 de abril de 2010

Submarinos: Almirantes criticam PS

Dois dos chefes da Armada que acompanharam as negociações para a compra dos submarinos alemães defenderam que o Governo deve ter «sentido de Estado» na renovação deste equipamento, notando que em 2004 o PS criticou a redução da frota.

«Com a idade que tenho já vi muita coisa, aquilo que posso dizer é que quando houve a decisão, em que eu colaborei, de Portugal vir apenas a ter dois submarinos em vez de três, recordo-me que, quer na Assembleia da República, quer em declarações avulsas, houve críticas enormes por parte do PS, porque isto era quase um crime», afirmou à agência Lusa o almirante Vidal de Abreu.

Francisco Vidal de Abreu, que era CEMA em 2004, quando foi fechado o contrato dos submarinos, lembrou ainda que o actual presidente do PS, Almeida Santos - que já considerou que Portugal não precisa de submarinos -, era «presidente da Assembleia da República quando foram aprovadas as Leis de Programação Militar que diziam que Portugal precisa da capacidade submarina».

«É preciso não perceber absolutamente nada de Defesa e ter dos interesses nacionais uma visão extremamente estreita para a certa altura se considerar que um processo destes pode voltar à estaca zero ou pode ficar suspenso durante vinte anos, isso é que me entristece e espero que não venha a suceder», referiu o militar.

Também o almirante Nuno Vieira Matias, CEMA entre 1997 e 2002, disse não saber «de qual PS estamos a falar» no que diz respeito aos submarinos.

Matias afirmou não saber se existe «um PS lúcido, cujo Governo aprovou uma resolução em Conselho de Ministros que lançou o programa dos submarinos, durante o mandato do primeiro-ministro Guterres, que disse que era, sem qualquer espécie de dúvida a favor do programa dos submarinos».

«Quando era CEMA convidei alguns representantes do partido na comissão parlamentar de Defesa para terem um briefing na Marinha e disseram que eram sem qualquer espécie de dúvida a favor dos submarinos», acrescentou.

«Eu encontrei-me com essas pessoas, mas agora se há para aí alterações, umas posições dúbias, há pessoas que com o passar do tempo acontece como o vinho, passam-se também», declarou, admitindo referir-se a Almeida Santos.

«Se calhar há aí pessoas que têm feito algumas declarações porque já se passaram, já não pensam, se calhar nem entendem bem o que é o interesse nacional, para eles já passou, já passou o tempo, só se for isso», criticou.

Admitindo «perfeitamente» que um Governo pode «renegociar determinadas condições [do contrato] para que lhe sejam mais favoráveis em face às dificuldades conjunturais», Vidal de Abreu considerou «lamentável se a certa altura, apenas por razões políticas, o país vier a ficar prejudicado por ser posto em causa este negócio».

«Eu sinto que o Governo está debaixo de uma enorme pressão política, na Assembleia fala-se dos submarinos, todos querem esclarecer isto, todos dizem que foi uma asneira brutal», disse o militar.

«Aquilo que espero é que o Governo tenha o necessário sentido de Estado para, independentemente de serem desagradáveis estas pressões, claro que são, para decidir em consciência, pondo acima de tudo os superiores interesses do Estado português», concluiu.(IOL)

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