3 de janeiro de 2011

NRP Sagres "A mais formosa das embaixadas"

Ao fim de 339 dias de mar, a ‘Sagres’ reencontrou o Tejo. A terceira viagem de circum-navegação do mais bonito navio da Marinha Portuguesa ficou completa a 24 de Dezembro, deixando para trás um legado de simpatia e admiração.

300 MIL VISITANTES A BORDO

Na hora do balanço, o comandante Luís Pedro Proença Mendes destaca os números da missão: "Recebemos a bordo da ‘Sagres’ 300 mil visitantes e organizámos recepções e jantares oficiais para mais de 4 mil pessoas. Foi um sucesso absoluto", conta à Domingo.

Com uma guarnição permanente de 150 marinheiros, o navio começou a navegação pela costa Leste da América do Sul, onde participou no Festival Grandes Veleiros, no Uruguai, Argentina e Chile: "Fomos recebidos com toda a simpatia pelas autoridades e, sobretudo, pelas populações. Na Argentina, chegámos a ter 25 mil pessoas a visitar o navio num só dia", lembra o comandante.

Antes da partida, os marinheiros da ‘Sagres’ previam dois momentos críticos na navegação: A passagem do Cabo Horn, que liga os oceanos Atlântico e Pacífico, e no Mar da China, que a ‘Sagres’ atravessou em plena época dos furacões. Mas as dificuldades vieram de onde menos se esperava. "Nunca imaginámos que teríamos de enfrentar três tempestades violentíssimas no Mediterrâneo. As ondas de 12 metros e rajadas de vento de 120 km/h obrigaram-nos a chegar um dia mais tarde do que o previsto", explica o comandante, que na última semana de navegação esteve "sete dias sem ir à cama, para estar sempre perto do leme".

Os pontos altos da viagem são muitos, e Proença Mendes hesita em destacar algum. As comemorações do 10 de Junho em São Diego, nos Estados Unidos, em que milhares de portugueses e luso-descendentes se juntaram à festa; a celebração dos 150 anos do Tratado de Amizade entre Portugal e o Japão, a paragem em Díli, Timor ou a Expo de Xangai são referências inevitáveis.

Mas Proença Mendes sublinha "a aceitação que Portugal e os portugueses têm em todo o Mundo, sobretudo na Ásia". Ali, onde nos próximos meses se vão comemorar os 500 anos da chegada dos portugueses à Ásia há um genuíno sentimento de pertença. "É incrível estarmos em Malaca ou em Jacarta, na Indonésia, e vermos pessoas a falar a nossa língua e a dançar nosso folclore. Há quem sinta saudades de Portugal sem nunca ter vindo ao nosso país".

Também em Timor e em Goa, antigos territórios portugueses, os marinheiros receberam manifestações de grande afectuosidade. "As pessoas não esqueceram Portugal. Temos um capital de aceitação e reconhecimento que nós nem imaginamos", diz Proença Mendes.

CAMPEÕES A BORDO

Passar quase um ano longe da família é duro, mas os marinheiros da ‘Sagres’ contaram com a preciosa ajuda da internet. "O Facebook foi muito importante para manter a motivação. As famílias manifestaram sempre um grande orgulho em ter os seus a bordo. Nesta viagem, além da guarnição permanente, houve um período em que estiveram a bordo cerca de 50 cadetes a fazer a instrução, incluindo 11 marinheiras. Entre as operações de navegação e manutenção do navio, ainda sobrou tempo para o desporto. O futebol de convés, modalidade em que equipas de quatro elementos disputam uma bola de meias, destacaram-se os "bolicaos", os mais vitoriosos.

A viagem custou mais de 3 milhões de euros, "orçamento só possível com os apoios de vários organismo do Estado e privados", mas Proença Mendes não tem dúvidas de que valeu a pena: "A ‘Sagres’ é a melhor embaixada que podemos oferecer ao Mundo". (CM)

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