Trinta e quatro anos separam o mais antigo e o mais novo dos antigos combatentes sepultados no cemitério da Lourinhã, deixado ao abandono durante 25 anos e agora em fase final de recuperação. António Vitorino Caixaria, militar enviado para França na I Guerra Mundial, morreu em 1950 (com 56 anos) e é o mais antigo dos 26 antigos combatentes cujos corpos estão concentrados no talhão da Liga dos Combatentes (LC) naquele cemitério.
Em 1984, com 88 anos, foi ali enterrado João da Costa, outro antigo militar que, ao contrário da maioria, não esteve nos campos de batalha europeus ou africanos. A informação consta dos registos pesquisados pelo Núcleo de Torres Vedras da LC desde Fevereiro de 2010, quando essa recém-criada delegação da Liga (ainda sem sede) visitou o local e o encontrou num "estado de completo abandono" {foto de cima), contou ao DN um dos seus membros.
"A maioria" dos militares ali enterrados combateu na I Grande Guerra, adiantou Miguel Machado, precisando que a quase totalidade daquelas campas não tinha quaisquer dados de identificação. Daí que a investigação imposta pela necessidade de dignificar o local - no âmbito do programa da LC "Conservação das Memórias" -levou os elementos daquele núcleo da Liga a procurar, entre outros detalhes, os nomes, datas de nascimento e morte ou locais onde serviram esses 26 ex-combatentes (alguns da guerra colonial).
Para isso, foi preciso falar com muitos habitantes da Lourinhã, "desde antigos coveiros a familiares" dos mortos. A pesquisa exigiu também folhear os registos do Arquivo Histórico-Militar, do Arquivo Geral do Exército e da LC, adiantou a fonte. Já foi possível identificar por completo 18 dos corpos, havendo outros quatro em que só falta "um ou outro elemento". Ainda permanecem totalmente desconhecidos os restantes quatro mortos, pelo que "a investigação continua". Com o apoio da Liga e, em particular, da Câmara e da Junta de Freguesia da Lourinhã, o Núcleo de Torres Vedras da LC obteve o apoio prévio das famílias para concretizar as obras de recuperação do espaço, que estão agora na sua fase final. Além da redistribuição das campas, estas receberam cabeceiras de mármore com o brasão em bronze - que tradicionalmente distinguem os talhões da LC espalhados pelo País.
Nota: A Autarquia forneceu os meios de recuperação do espaço fúnebre onde estavam concentrados os corpos de antigos combatentes.
A Direcção Central da Liga dos Combatentes comparticipou com 30 Lápides e a inscrição dos nomes num valor aprox. de 5.000 euros. (LG)
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