19 de abril de 2012

Esquadra 751, «Para que outros vivam»

2731. O número cresce a cada dia que passa. Poderá não dizer muito ao público, mas representa prontidão, agilidade, competência e dedicação dos militares que fazem parte da Esquadra 751 da Base Aérea n.º 6 do Montijo.

A consciência corajosa, a pronta disponibilidade para o sacrifício traduz o lema da unidade: «Para que os outros vivam». Pois bem, é isto mesmo que o número representa. As vidas salvas por este efetivo que faz parte das Forças Armadas Portuguesas.

A BOLA foi conhecer um dos muitos heróis da unidade vocacionada exclusivamente para a busca e salvamento de pessoas. Antes desse encontro, passagem obrigatória pela sede da esquadra 751. Um local de culto onde se guardam todas as memórias, todas as imagens de quem arriscou uma vida para salvar outra.

As paredes estão quase todas forradas com coletes salva-vidas. Todos eles devidamente identificados. Num deles pode ler-se: «Miss Matilda», 27 de Julho 2010, Tenente Ramalho, primeiros Sargentos Casimiro e Dinis e Sargento Dias. Todas as peças, objetos, têm uma história, quase sempre final feliz. O espaço, qual local de culto exibe recortes de jornais, fotografias, camisolas, medalhas... tudo o que é exposto salta ao olhar mais atento.

Minutos depois surge o tenente Igor Ramalho. Sorriso tímido, postura firme e passo apressado. Apesar dos 27 anos de idade é um dos rostos mais conhecidos da esquadra. A história da sua ainda curta vida militar ajudou ao reconhecimento. Salvou a primeira vida ainda no estágio de comando. Naquele que seria o seu exame decisivo, num treino de voo, o comando aéreo informou-o de uma embarcação que se encontrava perdida ao Largo de Troia. Para poupar tempo, e como o treino decorria perto da zona onde havia desaparecido o barco, Igor Ramalho, que pilotava um EH-101 Merlin, foi nesse mesmo instante promovido a... comandante.

«É uma história que nunca esquecerei. Acabei por desempenhar funções mais cedo que o previsto e felizmente conseguimos ter sucesso. Era um senhor de 60 anos, que tinha construído o seu barco e estava numa regata de recreio. Mais algum tempo e poderia não aguentar. Foi o melhor estágio possível e um sentimento que nunca se apagará», começou por contar Igor Ramalho, que não consegue esconder o brilho no olhar em cada palavra:

«O meu sonho em pequeno era pilotar aviões. Nunca tinha imaginado helicópteros, mas assim que entrei num não quis outra coisa [risos]. O meu pai também é piloto mas não na força militar. Não me vejo a fazer outra coisa. Salvar vidas não é para todos...».

Voltemos ao número inicial: 2731. Os militares desta esquadra estão a 20 de cumprir uma das missões de maior orgulho e reconhecimento. Atingir as 2751 vidas salvas, um número simbólico, é certo, mas que será assinalado com uma grande festa na unidade.

«É uma meta que pretendemos alcançar. Todos estes militares dedicam as suas vidas a este esforço. Pede muito empenho, passamos muito tempo fora de casa, mas tudo é compensado quando recebemos um agradecimento... A nossa ‘guerra’ é outra. Todos os dias ganhamos batalhas», desabafou.

Batalhas que valem vidas. As 20 que faltam para a esquadra 751 completar as 2751 vidas salvas podem ser cumpridas a qualquer momento. O número, esse, irá certamente ultrapassar essa marca. Porque essa é a função desta esquadra que tanto trabalha para assegurar a segurança da população portuguesa.

O que é a Esquadra 751?

A Esquadra 751, sediada na Base Aérea do Montijo é a fiel depositária das tradições de busca e salvamento em Portugal e na Força Aérea Portuguesa, contando já com mais de 2500 vidas salvas na sua história.

A Esquadra 751 "Pumas" foi criada em 29 de Abril de 1978. Após o período de descolonização, os SA-330 PUMA sofreram ligeiras modificações e foram aplicados na execução de missões de busca e salvamento nas áreas de responsabilidade atribuídas a Portugal no âmbito dos seus compromissos internacionais.

Em 2005 esta unidade passou a contar com o moderno EH-101 Merlin, dando, assim, um importante e decisivo passo para uma tecnologia de ponta e um aumento de capacidade de operação que traduziu um maior número de vidas salvas.

Ao longo de mais de 30 anos de história, a Esquadra 751 já executou mais de 40.000 horas de voo (mais de 10000 das quais com a aeronave EH-101 Merlin) continuando no seu dia-a-dia a honrar o seu lema: «Para que os outros vivam». (A Bola)

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