11 de outubro de 2012

General Loureiro dos Santos "As Forças Armadas estão «no limite»

O general Loureiro dos Santos defende que «o orçamento das Forças Armadas está no limite» e que não é possível reduzi-lo «muito mais», nem ao nível dos efectivos, nem das operações, que já estão «abaixo do mínimo».


«Eu penso que não será possível reduzir muito mais o orçamento das Forças Armadas, nós estamos no limite», adverte o antigo ministro da Defesa e chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), em entrevista à agência Lusa.

José Loureiro dos Santos salienta que «as Forças Armadas no que respeita a efectivos estão no limite mínimo», até «já reduziram em gastos de pessoal mais dos dez por cento» que o memorando da troika impunha e que os cortes até já andam «à volta de 12 por cento».

Neste contexto, o general deixa uma forte crítica ao PS, PSD e CDS-PP, «os três partidos designados do arco governamental»: «Infelizmente negociaram com a troika e aceitaram que se impusessem questões relacionadas com as Forças Armadas, o que é uma cedência inadmissível num Governo de um país soberano».
O ex-chefe militar não contesta as metas que ficaram estipuladas, mas considera «totalmente inaceitável» que sejam «funcionários» de organizações internacionais «a dizer que Forças Armadas é que nós vamos ter».

«em termos de manutenção e operação», Loureiro dos Santos considera que os três ramos já estão «abaixo do mínimo» e alerta que «especialmente» a Marinha e a Força Aérea «já não têm capacidade para cumprir as suas tarefas rotineiras, que são indispensáveis».

«Não se compreende que a certa altura a Marinha não tenha meios navais para fazer o patrulhamento de proximidade, quando nós temos responsabilidades enormes no nosso espaço marítimo», critica.

O antigo CEME questiona também as opções do Estado no que respeita ao reequipamento, que nas Forças Armadas está «praticamente parado», dando como exemplo os helicópteros do Exército, as viaturas Pandur ou os patrulhões oceânicos da Marinha.

«Por vezes a gente fica espantado porque andam aí a alugar helicópteros para toda a gente e o Exército [se os tivesse] podia empregar esses helicópteros, assim como a Força Aérea, naquilo que chamamos operações de interesse público, na luta contra os incêndios», refere.

Loureiro dos Santos salienta ainda que Portugal está há vários anos a pedir viaturas blindadas emprestadas para estar na guerra. «No Afeganistão nós hoje utilizamos viaturas emprestadas pelos norte-americanos e no princípio era pelos espanhóis», frisou.

No Orçamento para 2012, as despesas do Estado com a Defesa diminuíram 3,9 por cento, com um corte de 30 por cento nos encargos com saúde e uma despesa total superior a 2.216 milhões de euros.

As verbas afetas à Lei de Programação Militar LPM) registaram uma redução de 17,1 por cento, com uma cativação adicional de 19,6 por cento e também um corte de 30,4 por cento no valor atribuído às Forças Nacionais Destacadas.

No entanto, apesar de defender que «o produto operacional das Forças Armadas não deve ser reduzido», o general na reforma considera que Portugal terá «de fazer um esforço militar superior» na partilha de equipamento militar com o resto da Europa.

A principal causa, diz Loureiro dos Santos, prende-se com a saída de grande parte das forças norte-americanas estacionadas na Europa, no Atlântico e no Mediterrâneo e a deslocação para a zona da Ásia/Pacífico.  (Tvi)

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