2 de abril de 2013

Militares passam a ter apenas um serviço de urgência em Lisboa

O ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, inaugura esta terça-feira, no Lumiar, em Lisboa, os serviços de urgência do futuro Hospital das Forças Armadas (HFA). Mas o verdadeiro marco a assinalar é o encerramento desta valência nas infra-estruturas que existiam para cada um dos ramos. A que há a somar a instalação esta semana, também no Lumiar, de toda a actividade cirúrgica dos militares, que estava igualmente dispersa por três unidades (Estrela, Lumiar e Santa Clara).

O pólo de Lisboa do HFA foi criado em Agosto de 2012, visando a unificação no Lumiar das várias instalações hospitalares existentes em Lisboa até agora. No momento do anúncio da reestruturação, Aguiar-Branco apontou para o Verão de 2014 o pleno funcionamento do novo HFA.

Para o general Loureiro dos Santos, ex-chefe do Estado-Maior do Exército e ex-ministro da Defesa, este processo, "do ponto de vista dos resultados finais, é um bom exemplo" do mérito da continuidade das políticas entre Governos de diversas cores. Também o antecessor de Aguiar-Branco, o socialista Augusto Santos Silva, reconhece que, à partida, este lhe "parece ser um bom exemplo de boa continuidade das políticas". No entanto, entre os actuais actores políticos, a visão é diferente. O deputado socialista da Comissão de Defesa e ex-secretário de Estado Miranda Calha afirma que Aguiar-Branco apenas "cumpriu aquilo que devia ter cumprido". "O que seria irracional é que isso não acontecesse", disse o deputado, antes de apontar o dedo ao titular da pasta. "O ministro entrou em ruptura em vários dossiers, nomeadamente em relação aos Estaleiros Navais de Viana, com o resultado que está à vista [não existe ainda uma solução de recuperação da empresa]."

A intenção de fundir os três hospitais dos ramos militares num só já vem de trás. "Desde Fernando Nogueira [ministro da Defesa de Cavaco Silva] que o projecto de integração tinha vindo a ser formulado", recorda Santos Silva. Loureiro dos Santos consegue ir mais longe. "Pensou-se nisso logo a seguir ao 25 de Abril [de 1974]. Na altura, a ideia era construir um hospital de raiz para todas as Forças Armadas". Por que razão, então, se levou tanto tempo para avançar com uma reestruturação que, de acordo com actuais números, permitirá uma poupança anual de 4,5 milhões de euros? "O tempo na política da Defesa é outro. É preciso ver que a relação do poder político com a administração - se é que se pode usar esse termo neste caso - não é o mesmo tipo de relação de um outro ministro com as suas direcções-gerais", alerta Santos Silva.Loureiro dos Santos prefere falar em "resistências passivas à mudança", rejeitando a ideia de capelinhas corporativas. Santos Silva lembra que se optou por "um processo de demonstração de vantagens intermédias", numa "lógica gradualista". Avançando com a integração de serviços até ao objectivo final do hospital único. (Público)

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