11 de julho de 2014

CEME assume Pandur como necessárias apesar do “programa coxo”

A aquisição dos referidos equipamentos militares foi decidida em 2004 e posteriormente formalizada junto da empresa austríaca Steyr, entretanto comprada pela norte-americana General Dynamics

O Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) defendeu hoje a aquisição das viaturas blindadas Pandur II como necessária para reabilitar aquele ramo das Forças Armadas e substituir as antigas chaimites, embora admitindo que "o programa está coxo".

"Trabalho com o que tenho, mas o programa não está completo. Não consigo cumprir determinadas missões por faltar certa tipologia de viaturas. O programa está ‘coxo'. Entre ter um ‘coxo' e ter tudo... Não serve para todo o tipo de opções com as quais podemos vir a ser confrontados", admitiu o general Carlos Jerónimo na Comissão Parlamentar de Inquérito aos Programas Relativos à Aquisição de Equipamentos Militares (EH-101, P-3 Orion, C-295, torpedos, F-16, submarinos, Pandur II).

O responsável do exército português, perante questões dos grupos parlamentares da maioria PSD/CDS-PP e de PS, PCP e BE, afirmou que "a aquisição das Pandur veio multiplicar a capacidade operacional da brigada de intervenção, com um forte impacto de modernização do exército, colocando-o a par de outros países integrantes da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte), podendo participar em ambientes multinacionais, por exemplo, nas missões dos Balcãs".

"As chaimites já estavam ultrapassadas há muito, embora as continuemos a utilizar. Era tempo de renovar equipamentos. Estas viaturas garantem a proteção na movimentação de homens em teatros como o Afeganistão ou o Kosovo. Não podemos ir para o terreno sem meios. Já lá vai o tempo da espada. Em Aljubarrota fomos muito bons, mas já não vivemos aí. Se pertencemos a vários clubes - NATO, UE e ONU -, temos de pagar a nossa parte da factura da segurança. Não podemos querer tê-la e só os outros ficarem encarregados dela", justificou.

A aquisição dos referidos equipamentos militares foi decidida em 2004 e posteriormente formalizada junto da empresa austríaca Steyr, entretanto comprada pela norte-americana General Dynamics. O Estado português já pagou cerca de 230 milhões de euros, num negócio que incluiria os custos de manutenção dos equipamentos. O actual Governo veio a decidir depois denunciar o contrato, justificando com "atrasos no prazo da entrega", segundo Carlos Jerónimo.

"O programa PANDUR tinha inicialmente previstas 240 viaturas para o exército mais 20 para a Marinha. Até agora, o exército recebeu 166 e a Marinha ainda não recebeu nenhuma. Estamos a falar de 11 tipos de viatura", esclareceu o CEME, lamentando a falta dos veículos com especificações para "anti-carro, morteiros, engenharia e comunicações".

Segundo Carlos Jerónimo, o exército português está em vias de conseguir tornar-se autónomo relativamente à capacidade humana e material de levar a cabo a manutenção destas viaturas.

O coordenador do Bloco de Esquerda, João Semedo, reformulou o requerimento para a audição de antigos ministros da Economia, juntando aos nomes de Carlos Tavares e Álvaro Barreto os de Manuel Pinho e Vieira da Silva, além dos dois da actual maioria, Álvaro Santos Pereira e Pires de Lima. O pedido foi aprovado por unanimidade.

A comissão de inquérito vai voltar a reunir-se terça-feira para ouvir o chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Luís Macieira Fragoso, pelas 10:00, seguindo-se a vez do chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general José Araújo Pinheiro. (I)

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