27 de novembro de 2014

Rússia desafia NATO e instala mísseis de cruzeiro na Crimeia

NATO avisa que militarização da península poderá ser utilizada por Moscovo para exercer domínio de toda a região do mar Negro

A escalada continua, com a Rússia e a NATO num confronto só visto durante a Guerra Fria. Os sinais estão aí e são cada vez mais fortes. A Crimeia está a ser totalmente militarizada por Moscovo e Merkel e a NATO alertaram ontem para o perigo da situação, que agora também se estende à Geórgia, com um acordo estratégico com a Abecásia que pode levar à sua anexação pela Rússia.

Comecemos pela Crimeia. O comandante militar da NATO considerou ontem que a militarização da península, anexada pela Rússia em Março, poderá ser utilizada por Moscovo para exercer o controlo ao longo de toda a região do mar Negro. "Estamos muito preocupados com a militarização da Crimeia", disse o general norte-americano Philip Breedlove durante uma conferência de imprensa em Kiev. "Os equipamentos que estão prontos a ser instalados na Crimeia, mísseis de cruzeiro e mísseis antiaéreos, têm capacidade para alcançar a totalidade da região do mar Negro", referiu. O comandante das forças norte-americanas na Europa garantiu que a NATO também receia a instalação de armas nucleares na península e que "está a vigiar" a situação.

Na quarta-feira, o Ministério da Defesa russo anunciou a deslocação de 14 caças incluídos numa esquadrilha de 30 aparelhos, que vai ficar estacionada na península, e decidiu reactivar uma estação de radares anti-míssil e investir mais de 1,75 mil milhões de euros no reforço da sua frota do mar Negro.

MERKEL ACUSA MOSCOVO 

A Alemanha, país que também está a sofrer economicamente com as sanções impostas à Rússia por causa da situação ucraniana, mostra dia após dia cada vez mais preocupação com as posições de Moscovo. Ontem, a chanceler alemã, Angela Merkel, culpou a Rússia pela ausência real de uma trégua no Leste da Ucrânia, apesar de existir um cessar--fogo teórico entre as forças de Kiev e os separatistas pró-russos.

Merkel afirmou numa intervenção perante o Bundestag (a câmara baixa do parlamento alemão) que Rússia violou a integridade territorial da Ucrânia, "pôs em causa a segurança europeia" e violou o direito internacional. A chanceler alemã adiantou que é fundamental que volte a prevalecer na região "a força da lei" sobre "a lei do mais forte".

ANEXAÇÃO DA ABECÁSIA 

O presidente russo, Vladimir Putin, e o líder da república separatista assinaram segunda-feira na cidade russa de Sochi um acordo de aliança e associação estratégica, apesar de fortes críticas das autoridades georgianas. Para Tbilisi, este acordo representa "um passo mais no sentido da anexação" da Abecásia pela Rússia. O acordo tem um prazo de vigência de dez anos e estabelece um estreitamento dos vínculos entre a Rússia e a Abecásia em diferentes âmbitos de cooperação. No texto assinala-se que as duas partes desenvolverão uma política externa comum e que Moscovo se compromete a ajudar a fortalecer as relações internacionais da Abecásia e a ampliar o seu reconhecimento como estado independente. Com Moscovo a reforçar as suas posições na Grande Rússia, o confronto com o Ocidente agrava- -se de dia para dia.

Com Lusa

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