13 de abril de 2016

Demissão do chefe do Estado-Maior do Exército gera mal-estar nas Forças Armadas

A demissão de Carlos Jerónimo do cargo de chefe do Estado-Maior do Exército está a gerar mal-estar nas Forças Armadas. Cresce a indignação contra aquilo que vários militares classificam de ingerência política numa matéria que, dizem, é exclusivamente militar.

O pedido de demissão ocorreu dois dias depois de o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, lhe ter pedido um esclarecimento a propósito de afirmações feitas pelo subdirector do Colégio Militar, o tenente-coronel António Grilo, sobre discriminação dos alunos homossexuais naquela instituição de Lisboa.

Numa reportagem publicada na sexta-feira pelo jornal “online” Observador, António Grilo afirmou: "Nas situações de afectos [homossexuais], obviamente não podemos fazer transferência de escola. Falamos com o encarregado de educação para que perceba que o filho acabou de perder espaço de convivência interna e a partir daí vai ter grandes dificuldades de relacionamento com os pares. Porque é o que se verifica. São excluídos".

Fontes militares ouvidas pela Renascença falam numa ingerência “inaceitável” e “execrável” do ministro da Defesa, “preocupado com o politicamente correcto”.

Estes militares, que pedem para não serem identificados, dizem que Azeredo Lopes “não tem autoridade” para impor a demissão a um tenente-coronel. Para não o fazer, o chefe do Estado-Maior do Exército demitiu-se, uma posição que tem o apoio e admiração dos militares ouvidos pela Renascença.

A indignação está a crescer e nas redes sociais o apoio ao antigo chefe do Estado-Maior do Exército e à direcção do Colégio Militar tem sido uma constante nos últimos dias. A associação de antigos alunos manifesta solidariedade e também os pais dos alunos colocam-se ao lado da direcção.

O tenente general Garcia Leandro escreveu uma carta aberta ao ministro, publicada no “Diário de Notícias” na qual diz que Azeredo Lopes se “assustou, sem qualquer razão, com as declarações” do Bloco de Esquerda, partido que criticou as declarações de António Grilo ao Observador.

“Se voltar a repetir este procedimentos com outros CEM [chefes de Estado-Maior], é provável que saia o ministro em vez do CEM em causa”, escreveu Garcia Leandro.

O que fará sobre esta questão o sucessor de Carlos Jerónimo é a questão que todos colocam. Até porque a posição sobre o Colégio Militar poderá ser determinante na escolha. (RR)

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