Nos últimos cinco anos, os cursos de Comandos do Exército têm registado uma taxa de abandono acima dos 50%, quase sempre superior à das outras forças especiais do Exército. De acordo com informações obtidas pelo Observador junto deste ramo das Forças Armadas, e que ainda não incluem os números relativos ao 127.º curso de Comandos (em que morreram dois soldados e mais de uma dezena foram internados), 57% dos recrutas saíram do último curso. A maior taxa de abandono foi registada em 2014, quando 76% dos candidatos não chegaram ao final do curso.
O curso de Para-quedistas, a outra grande força especial do Exército, tem registado taxas de abandono inferiores às dos Comandos, excepto neste ano de 2016, em que 64% dos candidatos a Para-quedistas não chegaram ao final do curso. Nesta especialidade, tem-se verificado um aumento da taxa de abandono, especialmente após 2013. Até aí, cerca de três quartos dos recrutas terminavam o curso. Depois desse ano, abandonaram a formação sempre mais de metade dos candidatos.
Entre as causas que levam ao abandono, encontram-se a desistência voluntária, a eliminação por falta de aptidão técnica, o abandono por motivos médicos e a morte.
Em relação às desistências voluntárias, o curso de Comandos tem registado uma diminuição acentuada, passando inclusivamente de 34 desistências em 2013 para nenhuma em 2014. Em trajectória contrária estão as desistências voluntárias nos Para-quedistas, que são actualmente o motivo de abandono de 30% dos recrutas. Também as eliminações por falta de aptidão técnica têm representado uma grande parte dos abandonos: nos Comandos, cerca de 25% dos recrutas são todos os anos eliminados por falta de capacidades técnicas. Já nos Para-quedistas, o número de recrutas eliminados por este motivo tem vindo a aumentar gradualmente — em 2012, apenas três candidatos foram forçados a abandonar o curso por falta de capacidades, enquanto em 2016 cerca de 25% dos abandonos se devem a este motivo.
Ao nível de abandonos por motivos médicos, tanto os Comandos como os Para-quedistas registam uma evolução semelhante até 2014. A partir desse ano, tem havido cada vez mais recrutas a ser excluídos do curso de Comandos por motivos médicos, enquanto nos Para-quedistas se tem registado uma diminuição deste factor. A morte é a causa menos registada, apenas com uma ocorrência, nos Para-quedistas, em 2012. Como não se incluem nestes dados ainda o 127.º curso de Comandos.
A terceira força especial do Exército, o Centro de Tropas de Operações Especiais, de Lamego, regista taxas ainda menores — apesar de dificilmente ser comparável com os Comandos e os Para-quedistas, por ter substancialmente menos candidatos, e estarem divididos em três cursos (para os que estão no quadro permanente, para os praças em regime de voluntariado ou contrato e ainda para os sargentos e oficiais em regime de contrato). Nestes cursos, não são raras as taxas de desistência de 0%, especialmente no que toca aos oficiais do quadro permanente.
Este ano, o curso de Comandos começou com 67 recrutas, mas apenas prosseguem o curso 30 formandos. Hugo Abreu morreu a 4 de Setembro, na sequência de um treino, e Dylan da Silva veio a morrer uma semana depois, após ter estado internado em estado crítico, à espera de um transplante de fígado. Adicionalmente, 26 candidatos desistiram e nove foram eliminados, informava o Exército no final de Setembro. (Observador)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Mensagens consideradas difamatórias ou que não se coadunem com os objectivos do blogue Defesa Nacional serão removidas.