9 de julho de 2012

Base Aérea n.º 5 recebeu a visita de 10 mil pessoas

A celebração dos 60 anos da Força Aérea foi o mote para a Base Aérea n.º 5, em Monte Real, no concelho de Leiria, abrir as suas portas para receber cerca de 10 mil visitantes.

Durante todo o dia foi possível assistir a demonstrações de aeromodelismo e cinotécnicas, entrar nas aeronaves expostas e visitar áreas de trabalho, mas o ponto alto foram as descolagens e aterragem dos F-16, o «ex-líbris» da base de Monte Real, a única no Mundo com manutenção própria, feita pelos militares.

A população aproveitou para visitar o recinto militar e, de olhos no céu, não perdeu pitada das manobras dos F-16, o mítico caça que fez as delícias de todos.

Muitos logo associaram o momento ao filme «Top Gun», dos anos 80, com Tom Cruise a vestir a pele de Pete Michell - Maverick era o seu nome de guerra -, que pilotava não um F-16 mas um F-14.

Os mais novos regalaram-se com a possibilidade de entrarem num helicóptero e manobrar o «joystick» como se de um jogo de «playstation» se tratasse. Quem sabe se um dia algum destes miúdos não será piloto da Força Aérea...

«É bem possível que isso aconteça. Vê-se o brilho nos olhos das pessoas e se andar para trás identifico-me perfeitamente nessa fase, altura em que ganhei a paixão pelos aviões e desde cedo decidi que gostaria de ser piloto. Este tipo de coisas é acelerada quando temos oportunidade de ter acesso a tudo isto que normalmente só se vê de muito longe», salientou o comandante da Base Aérea n.º 5, coronel Paulo Mateus, que encoraja quem quiser seguir a carreira militar na Força Aérea, embora ressalvado que os requisitos de admissão são muito elevados:

— Felizmente para a Força Aérea e normalmente, infelizmente para a maioria dos candidatos, a percentagem que consegue entrar é baixa. Mas isso permite-nos escolher as pessoas que têm exatamente o perfil que pretendemos para cada uma das especialidades, que vão desde a ponta da lança (piloto) até às peças da retaguarda, que são os outros elementos da estrutura da pirâmide que é a nossa base. E se faltar uma dessas peças nada funciona. A isto chama-se uma equipa.

Adesão superou as expectativas
No final do dia, em jeito de balanço, o comandante Paulo Mateus não escondeu a A BOLA a alegria pelo sucesso do evento:
— É um prazer ter oportunidade de comandar uma base como esta e ter um dia cheio de visitantes a interagirem connosco.

O coronel congratulou-se ainda pelo facto de a Base Aérea n.º 5 ter tido a oportunidade de reunir todas as aeronaves da Força Aérea para mostrar à população:
«Este ano optámos por um formato diferente para comemorar o aniversário da Força Aérea e não fizemos dia de base aberta em todas ao mesmo tempo, por isso temos aqui todas as aeronaves. Isto permite um contacto quase familiar, onde temos desde bebés de colo a pais e avós. A Força Aérea pode, assim, mostrar o que faz e a população tem a oportunidade de perceber porque é que a Força Aérea tem 600 pessoas diariamente em alerta para cobrir todas as missões que tem, como por exemplo os salvamentos. Foi um dia muito bonito, com as 10 mil pessoas que passaram por aqui. Supera as expectativas e fico feliz.

«Pilotar um avião é um fascínio» - Cláudio Peixeiro
O tenente Cláudio Peixeiro, um dos 30 pilotos da base de Monte Real, contou a A BOLA o seu percurso e deixa um conselho aos mais novos: «lutem pelos objetivos».

— Após ter feito o 12.º ano de escolaridade, com 18 anos, decidi ingressar na Academia da Força Aérea. Não tenho militares na família, mas desde novo que tinha esta vontade e assim que comecei a voar fiquei apaixonado pelos aviões. Fiz quatro anos na Academia da Força Aérea, depois cumpri a parte prática nos EUA, onde voei no T-62 e no T-38 durante ano e meio. Voltei a Portugal, e no Alpha jet fiz mais um ano de curso, em que me especializei na parte de conversão operacional em aviões de combate e há um ano que estou em Monte Real nos F-16. Em termos de caças de combate é o avião topo de gama da Força Aérea Portuguesa. É o que desperta mais o interesse das pessoas, não só pela velocidade, como pelo som e armamento, é o que todos querem ver.

Desafiado a contar como se sente aos comandos do aparelho, o tenente Cláudio Peixeiro tem a resposta na ponta da língua:
— Pilotar um avião é um fascínio. Ser um jovem de 18 anos e poder pilotar um avião antes mesmo de poder conduzir um carro... sente-se uma adrenalina tremenda, com uma responsabilidade muito grande por ter esta máquina nas mãos. É um gosto e uma grande paixão. Não sei se nasci para voar, mas desde que o faço não quero outra coisa. A aviação é um mundo onde se entra e de onde nunca mais se quer sair. Entrar requer alguns sacrifícios, mas nada como nos agarrarmos ao nosso objetivo e estarmos concentrados em alcançá-lo.

«Spotters» não perdem pitada
Os coletes refletores e as máquinas fotográficas com potentes objetivas para captar o melhor momento da descolagem ou da aterragem dos F-16 identificam os «spoterrs». Quem são? São pessoas apaixonadas por este «hobby»: observam, registam, fotografam e/ou filmam os movimentos de aeronaves nos mais diversos aeroportos, aeródromos, pistas ou simplesmente em qualquer lugar em que se possa efetuar a sua observação.
Ontem, em Monte Real, eram perto de meia centena, sempre d atentos aos movimentos do seu avião preferido: o F-16, pois claro. (A Bola)

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