A missão comandada por militares da Força Aérea Portuguesa desde 1 de Setembro de 2014 terminou no primeiro dia do ano, sendo a responsabilidade transferida para a Força Aérea Italiana. Juntamente com caças F-16 holandeses, Typhoon alemães e F-18 canadianos, os 6 F-16 e 70 militares portugueses defenderam os céus da Estónia, Letónia e Lituânia de incursões e aeronaves não identificadas, perfazendo um total de 300 horas de voo e 70 missões de intercepção. Às aeronaves italianas juntar-se-ão agora caças F-16 belgas, MiG-29 polacos e outros Typhoon, desta feita das forças armadas espanholas. Talvez não surpreendentemente, a maior parte das missões efectuadas, e a principal razão da existência da operação, prendem-se com violações do espaço aéreo perpetradas por aeronaves russas, cuja actividade aumentou desde o início da crise ucraniana, levando a um aumento das tropas e aeronaves colocadas no Báltico.
Estónia, Letónia e Lituânia são três pequenos países situados na margem oriental do Mar Báltico. Até recuperarem a independência em 1990, tinham sido parte da União Soviética, mas o domínio de Moscovo nunca foi popular, daí que tenham procurado um apoio cada vez mais formal da NATO, que entretanto procurava expandir-se para os antigos países do bloco soviético. Em 2004 esses três países conseguiram ser aceites na Aliança Atlântica, aumentando assim a sua fronteira partilhada com a Rússia. No entanto, nenhum desses países tem capacidade de manter uma força aérea capaz, pelo que desde então tem sido da responsabilidade dos outros estados da NATO manter uma esquadra na região para defesa do espaço aéreo, com o encargo de tal missão a ser feito de forma rotativa entre nações.
A primeira força a liderar esta operação, baptizada Baltic Air Policing (Policiamento Aéreo do Báltico, em Inglês) foi a Força Aérea Belga, em Março de 2004. A Força Aérea Portuguesa foi chamada a participar em Dezembro de 2007, operando sob o frio extremo que se faz sentir naquela região durante o inverno, e conseguindo grandes elogios pelo comando da NATO pela sua eficiência e profissionalismo. No entanto, estas operações eram ainda classificadas como sendo de baixa intensidade. Não obstante a ocasional interferência de aeronaves russas (que evidentemente patrulham os suas fronteiras, situação de resto normal nas divisórias entre todas as grandes forças militares) muitas das inserções efectuadas pelas forças envolvidas ainda consistiam em aparelhos civis que não se haviam identificado por um motivo ou outro. A escala das operações mudou em Abril do ano que passou. Com o desenvolver da crise ucraniana e o consequente aumento da actividade e agressividade das aeronaves russas, o comando da NATO decidiu aumentar também a sua própria presença na região, levando aos actuais destacamentos de quatro nações ao mesmo tempo, com uma delas a comandar as acções.
Talvez um sinal dos tempos seja o facto de que os caças italianos a chegar à base aérea de Siauliai, na Lituânia, estejam equipados com cargas completas de missão, quatro mísseis de longo alcance e três de curto alcance. Comparem-nos aos dois mísseis de curto alcance com que os F-16 portugueses costumavam voar em 2007. (B)
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