O Dia da Marinha teve este ano Lisboa como centro das celebrações e a Praça do Comércio, junto ao cais das colunas, foi o palco principal. Um palco onde Luís Manuel Fourneaux Macieira Fragoso, Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), alertou para a falta de recursos materiais, humanos e financeiros na Marinha.
O Almirante começou por afirmar que mesmo com nos actuais tempos de «grande exigência, pela exiguidade, quer em recursos financeiros, quer em pessoal» e «com algumas limitações» foi assegurado «o Dispositivo Naval Padrão no Continente e nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, recorrendo para o efeito a todos os meios existentes».
Mesmo com fortes limitações de recursos a Marinha esteve presente, no último ano, em diversas missões internacionais, lembrou o Almirante, referindo «designadamente no Afeganistão, contribuindo para a segurança e estabilidade regional, na missão de treino militar no Mali e na República Centro Africana». E nas conhecidas acções «no Mediterrâneo e no Golfo da Guiné».
Em relação à missão no Golfo da Guiné, o Almirante referiu que «a nossa presença neste teatro é muito relevante para os nossos parceiros e aliados porque participando no esforço global, necessário para garantir a segurança no Golfo da Guiné, demonstramos o nosso empenhamento na região e, simultaneamente, através das acções de cooperação específicas com os países africanos de língua portuguesa, contribuímos para edificação e desenvolvimento das capacidades dessas marinhas amigas».
Um exemplo de cooperação com países africanos lusófonos foi «o emprego da fragata Alvares Cabral no auxílio a Cabo Verde, aquando da erupção do vulcão na ilha do Fogo», lembrou o CEMA.
Para que seja possível à Marinha envolver-se nas diversas missões, nomeadamente «em acções de combate ou, como neste caso, prestando auxílio a populações vítimas de situações de catástrofe ou calamidade» é preciso que haja Poder Naval, alerta o Almirante, ou seja, possuir «mobilidade, flexibilidade e sustentação» e para isso «é necessário ter navios prontos».
Para ter navios prontos é «necessário ter, em permanência, o material pronto e disponível, a guarnição completa e treinada, requerendo para o efeito um investimento considerável em recursos materiais, humanos e financeiros», afirmou o CEMA.
Referindo-se à Lei da Programação Militar (LPM) aprovada pelo Governo, o CEMA referiu que «ainda subsiste um volume insuficiente de investimento militar destinado à Marinha, necessário para a adequada edificação das capacidades requeridas». Esclarecendo que «nas actividades marítimas é tudo muito dispendioso e mais ainda na Marinha militar. Tal facto exige uma programação de longo prazo».
«Assim, torna-se imperioso assegurar que a LPM seja dotada com as verbas necessárias à concretização dos programas de reequipamento e, sobretudo, evitar todo o tipo de restrições que possam vir a ser imputadas à utilização das verbas previstas, pois estas são altamente perturbadoras para a concretização dos programas», afirmou o Almirante.
No Dia da Marinha o CEMA também chamou a atenção para o valor da extensão da plataforma Continental, referindo que com esta extensão «abrir-se-ão oportunidades únicas de transformar Portugal» e desta forma «deixar-mos de ser um pequeno país periférico no continente Europeu, para nos transformar-mos, num país marítimo e central no espaço atlântico»
O Almirante chamou a atenção do Governo para algumas oportunidades de investimento, nomeadamente para a possibilidade da aquisição a França de um Navio Polivalente Logístico, que mesmo com 15 anos de operação considera ser uma boa compra.
Como exemplo de oportunidades já concretizadas referiu a aquisição dos quatro navios, da classe STANFLEX, à Dinamarca. Mas o Almirante também alertou para outra necessidade que considera fundamental para o cumprimento da missão da Marinha, ou seja a falta de Corvetas, referindo que as existentes «estão à beira do fim inexorável, cuja substituição foi forçadamente adiada, devido ao não cumprimento do calendário programado para o fornecimento dos Navios de Patrulha Oceânica». (TV.C)
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