FUNDEAMENTO DE BÓIA OCEÂNICA MULTIPARAMÉTRICA
A partir do final da tarde de Domingo, 23 de Maio, as águas ao largo da costa ocidental do Continente passarão a ser monitorizadas por uma terceira bóia multiparamétrica. Fundeada cerca de 50 milhas náuticas (90 km) ao largo da foz do Douro, sobre um fundo com perto de 2000 m, a bóia irá permitir conhecer, em tempo real, as condições meteorológicas e oceanográficas no limite do oceano costeiro português. Localizada sobre a vertente continental, estará equipada com sensores que permitirão conhecer as condições de vento e de agitação marítima fora da influência da massa continental e dos pequenos fundos da plataforma continental, bem como a estrutura vertical da corrente nos 100 m superficiais.
O sistema básico de observações compreende ainda sensores de pressão atmosférica, temperatura e humidade relativa do ar, temperatura, oxigénio dissolvido e clorofila à superfície do mar. Os dados a recolher serão parcialmente enviados, de hora a hora, via satélite para o Instituto Hidrográfico, instituição responsável pela gestão desta plataforma de observação.
A bóia conta ainda com um conjunto de sensores especial, cuja operação é da responsabilidade da Universidade do Porto (Faculdades de Ciências, de Engenharia e CIIMAR – Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental). Trata-se de uma associação entre um GPS de elevada precisão e um sensor de movimento. Com este conjunto, pretende¬ se determinar a altura instantânea do mar com uma precisão melhor que dez centímetros e, por outro lado, calibrar a informação proveniente dos satélites altimétricos.
Baptizada com o nome do pioneiro da oceanografia física em Portugal – Alfredo Magalhães Ramalho (consultar http://socgeografia-lisboa.planetaclix.pt/alf_ramalho.htm, http://cvc.instituto-camoes.pt/ciencia/p32.html) – a bóia será um elemento central da infra¬ estrutura RAIA – Observatório Oceanográfico, um projecto transfronteiriço Galiza – Norte de Portugal, financiado em 75% pelo FEDER no âmbito do POCTEP (Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal, 2007-2013). Essa infra¬ estrutura conta com uma contribuição importante do Instituto Hidrográfico (IH) que, para além de garantir a manutenção e o fluxo de dados gerados na bóia, decidiu tornar acessíveis ao observatório, em tempo real, ou quase real, os dados da bóia ondógrafo de Leixões, que opera em parceria com a Administração do Porto de Douro e Leixões (APDL) e a GALP, bem como dos marégrafos de Leixões (também em parceria com a APDL) e Viana do Castelo e ainda da estação meteorológica costeira de Viana do Castelo (v. carta na página seguinte). O IH participa ainda na área da modelação operacional, tanto no domínio da agitação marítima, como da circulação oceânica.
Envolvendo seis laboratórios da Galiza, outros cinco ligados à Universidade do Porto, a Universidade de Aveiro e o Instituto Hidrográfico, o RAIA tem um orçamento superior a três milhões e meio de euros, cabendo um pouco mais de 900 mil euros a Portugal. O projecto visa estabelecer, em três anos, uma infra-estrutura regional de oceanografia operacional, que promova a criação de novas oportunidades científicas e tecnológicas e estimule a economia do mar.
O RAIA desenvolve-se segundo quatro linhas de acção principais: (1) construção de uma infra-estrutura de observação oceânica transfronteiriça; (2) adaptação e validação de modelos de oceanografia operacional que reproduzam a dinâmica oceânica regional; (3) estabelecimento de uma plataforma de interoperabilidade transfronteiriça para a gestão e distribuição de dados; e (4) desenvolvimento de um modelo de gestão do observatório oceânico transfronteiriço e de ferramentas para utilizadores finais. Como resultado, espera-se a consolidação de um observatório marítimo onde participem instituições operacionais e utilizadores finais, assegurando a sua sustentabilidade futura e a melhoria da organização e coordenação transfronteiriça da oceanografia operacional.(Marinha Portuguesa)
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