Reunião terminou com maioria a recusar ir para os hospitais do Exército e da FAP
Uma "parte significativa" dos 85 médicos do Hospital de Marinha, que se reuniram segunda-feira para analisar a reforma da Saúde Militar, "preferem sair" da instituição a prestar serviço nos hospitais do Exército ou da Força Aérea, disseram ontem fontes do ramo ouvidas pelo DN.
Nessa reunião, presidida pelo director do Serviço de Saúde da Armada, contra-almirante Teles Martins, uma "larga maioria" dos clínicos presentes também disse que "não aceita" ver a sua carreira "gerida por outra entidade" - leia--se o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), que agora tutela o hospital único das Forças Armadas (HFA), adiantaram as fontes.
O HFA foi legalmente criado em 2009 e tem dois pólos, um no Porto e outro em Lisboa. Este engloba os quatro hospitais tutelados pelos três ramos na capital: Marinha (Campo Santa Clara), Exército (Belém e Estrela) e FAP (Lumiar). A reforma avança este ano com a criação de 18 serviços de utilização comum, dos quais só dois na Armada, segundo foi recentemente aprovado pelo ministro da Defesa.
Augusto Santos Silva, porém, mandou dias depois estudar a criação de mais sete serviços comuns, a instalar só na Estrela ou no Lumiar, deixando implícito o fecho do hospital de Belém e do da Armada a curto prazo - como o CEMGFA, general Valença Pinto, defendeu há junto do ministro - e não a médio prazo, como diz a resolução do Conselho de Ministros sobre essa matéria.
A Armada escusou-se a comentar o encontro dos clínicos, limitando-se a repetir a afirmação já feita ao DN: "A reforma é útil mas, sendo uma matéria muito sensível, precisa de estudos credíveis", disse o porta-voz, João Barbosa.
A Armada defende a instalação do HFA junto a um hospital civil, para que os médicos não precisem de trabalhar noutros locais para manter as suas qualificações e, ainda, facilite a cooperação com o Serviço Nacional de Saúde.
A acontecer, a saída de um número significativo de médicos da Armada (passando à reserva ou por abate aos quadros) irá agravar os problemas do hospital do ramo, pois a Estrela e o Lumiar não parecem ter capacidade para absorver o universo de utentes da Marinha a curto ou médio prazos.
Quem já tomou posição "em defesa do hospital da Marinha" foi o almirante Martins Guerreiro, propondo um "amplo debate" no Clube Militar Naval para ajudar "quanto às acções a desenvolver".(DN)
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