O primeiro dos novos submarinos da Armada portuguesa só chega a Lisboa "nos primeiros dias de Agosto", soube ontem o DN junto de fontes do ramo.
Ao contrário do calendário inicialmente previsto para a entrada do Tridente na barra do rio Tejo, que apontava para a próxima semana, a nova previsão vai apanhar meio mundo de férias - a começar pelo ministro da Defesa, Augusto Santos Silva.
Segundo uma fonte do Ministério da Defesa, Santos Silva vai estar fora nas duas primeiras semanas do próximo mês.
O Tridente e o Arpão formam a nova capacidade submarina da Armada, estando a sua aquisição orçada em mais de mil milhões de euros e envolvida numa enorme e prolongada guerra jurídica sobre alegados casos de corrupção.
Com a chegada do submarino no início de Agosto, o mais certo é que esse momento venha a ser discreto - mais um no conjunto de cerimónias, como a do baptismo, que foram realizadas quase sem a presença de jornalistas.
Fontes da Armada asseguraram ao DN não ter havido qualquer intenção de fazer o navio chegar em pleno mês de férias para a generalidade dos portugueses - dada a analogia com o que se passou em Agosto de 2009, com a aprovação cirúrgica de leis muito polémicas para as Forças Armadas.
Pelo seu elevado custo - um investimento, na perspectiva dos defensores do programa - e numa época de grandes dificuldades económicas e financeiras para Portugal, com mudança de partidos no Governo, a compra dos submarinos tem sido marcada por forte polémica.
O programa, que se arrastou durante anos sem qualquer decisão, avançou em definitivo com a chegada de Paulo Portas - presidente do CDS-PP - ao cargo de ministro da Defesa, em Abril de 2002.
Algumas das primeiras vozes que se levantaram contra a decisão de comprar dois submarinos - e não três, como previsto, por causa dos fortes constrangimentos financeiros a que Portugal já estava sujeito - vieram do Exército.
As críticas questionavam uma opção estratégica para a Defesa militar do País que não parecia corresponder ao ambiente estratégico internacional (dominado pelo pós-11 de Setembro) e quando havia países a desinvestir nessa área. Ainda por cima, por mil milhões.
Válidas, até pela forma pouco clara e convincente como se foi explicando a necessidade de ter submarinos, as críticas tinham subjacente uma outra verdade: canalizar mais de mil milhões de euros para a compra desses navios iria implicar menos verbas para a aquisição de outros meios.
Como se verificou novamente este ano, com a aplicação dos cortes impostos pelo Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), a modernização do Exército voltou a sofrer atrasos e em programas considerados essenciais para o ramo, que já se arrastam há anos: a nova arma ligeira, as viaturas blindadas de quatro rodas para transporte de pessoal e os helicópteros ligeiros. Os cortes vão prolongar-se até 2013.(DN)
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